Acusado por ataque na Noruega diz que tem colaboradores

Do UOL

O norueguês Anders Behring Breivik, que confessou ser o autor do massacre que deixou 93 mortos na sexta-feira (22), na Noruega, afirmou que trabalhava em conjunto com "duas outras células" para combater a "dominação muçulmana" no país.
"O acusado fez depoimentos hoje que exigem maiores investigações, inclusive afirmando que 'há mais duas células em nossa organização'", disse o juiz Kim Heger em coletiva de imprensa após a primeira audiência de Breivik.
A polícia já investigava a possibilidade de Breivik ter cúmplices. Em interrogatório neste fim de semana, contudo, ele afirmou ter agido sozinho.

Jon-Are Berg-Jacobsen/Aftenposten/Reuters
Anders Behring Breivik (de vermelho) é levado em comboio policial depois de participar de audiência em Oslo
Anders Behring Breivik (de vermelho) é levado em comboio policial depois de participar de audiência em Oslo
Na corte, Breivik não quis se declarar culpado. Ele explicou ao juiz que não se considera culpado pois precisava ter cometido estes atos para enviar "um forte sinal" aos noruegueses e proteger o país contra a "invasão" dos muçulmanos.
O juiz Heger determinou que Breivik fique detido por oito semanas, até 22 de agosto, metade das quais deve ficar em solitária e isolamento --sem cartas, telefonemas ou contato com sua família ou a mídia.
Normalmente, o acusado é levado à corte a cada quatro semanas enquanto os promotores preparam o caso, para que o juiz possa aprovar sua contínua detenção. Em casos de crimes sérios ou quando o réu é confesso, é comum este período ser ampliado.
Breivik foi indiciado por atos de terrorismo. O juiz afirmou que sua confissão e outras evidências encontradas pela polícia permitem o indiciamento.
O norueguês de 32 anos disse ainda ao juiz que quis induzir a maior perda possível ao governista Partido Trabalhista, para que não consiga mais recrutar novos filiados.
Ele acredita que o partido falhou com o povo ao não protegê-lo de uma "tomada muçulmana" e o preço desta traição foram os ataques de sexta-feira --um carro-bomba detonado perto da sede do governo, em Oslo, e um tiroteio em um acampamento de jovens na ilha de Utoeya, que deixaram 93 mortos.
Breivik, definido como um fundamentalista cristão, islamófobo e ultradireitista, queria transformar a audiência desta segunda-feira uma ampla declaração de suas crenças perante o juiz e a imprensa.
Ele afirmou em seu manifesto na internet, publicado antes dos ataques, que apareceria na corte de uniforme e faria uma longa defesa de sua tese.
A audiência, contudo, foi realizada a portas fechadas, um esforço para evitar que um palanque do extremismo. A sessão durou cerca de 35 minutos.
Segundo Geir Lippestad, advogado do acusado, Breivik acredita que seus crimes foram "atrocidades, mas necessários" e que não merece nenhum castigo por eles.

Polícia reduz número de vítimas em ataques na Noruega para 76

A polícia da Noruega reduziu nesta segunda-feira para 76 o número de vítimas do tiroteio na ilha de Utoeya e da explosão de um carro-bomba na sexta-feira (22). O saldo anterior indicava ao menos 93 mortos.
Em pronunciamento público, a polícia disse que o número de mortes no violento ataque na ilha de Utoyea foi reduzido de 86 para 68.
A polícia elevou, contudo, de sete para oito o número de vítimas da explosão de um carro-bomba no centro de Oslo, perto da sede do governo.
Eles alertaram, contudo, que o número pode voltar a subir, já que as equipes ainda não encerraram os trabalhos de resgate na ilha.
A polícia disse ainda que as equipes forenses trabalham para identificar todas as vítimas.
"É uma pequena boa notícia", disse o porta-voz da polícia, acrescentando que o trabalho ainda está em andamento e que "não há forma de fazer isto [identificação das vítimas] mais rápido do que fazemos no momento".
"Esta indo de acordo com o plano, mas consome muito tempo, reunir informação das famílias", disse o porta-voz, acrescentando que espera ter um número final de vítimas na quinta-feira (28).
"Agora é importante que a vida em Oslo volte ao normal", completou o porta-voz.

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