Ontem meu amigo Alisson Almeida esteve no centro de uma pequena polêmica envolvendo as candidaturas do PT e do PSB à prefeitura de Natal no próximo ano. Uma fonte petista informou a Alisson que a deputada federal Fátima Bezerra (PT) teria se encontrado com a ex-governadora Wilma de Faria (PSB) na última segunda-feira. Fátima confirmou o encontro, mas negou que o tema tenha sido a composição de uma chapa PSB-PT, encabeçada pela ex-governadora, com o deputado estadual Fernando Mineiro (PT) como vice. Mineiro ficou irritado com essa história.
Alisson publicou este texto defendendo a publicação da matéria. Ele tem razão em dizer que, tendo a informação, precisava publicá-la. E deu espaço ainda para a repercussão por parte de Mineiro e Fátima.
Acho, no entanto, que Alisson errou a mão no texto inicial, que tem um trecho copiado abaixo, e colocou Mineiro em uma situação no mínimo delicada:
Genildo [Pereira, secretário do PSB] lembrou, ainda, a pré-candidatura do ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT), mas sem demonstrar muito entusiasmo pelo nome do ex-peessebista. Líder em todas as pesquisas de intenção de voto até então divulgadas, o pedetista se beneficia diretamente do desgaste da prefeita Micarla de Sousa (PV), cujos índices de impopularidade beiram os 90%. Ele, porém, enfrenta o desafio de agregar apoios políticos para viabilizar seus planos eleitorais.
A estratégia de lançar a chapa Wilma-Mineiro e, em seguida, deixar a Prefeitura com o PT foi a mesma usada em 2002, quando a então prefeita renunciou para candidatar-se à sucessão estadual, passando o cargo a Carlos Eduardo.
À época, a articulação saiu exatamente como havia sido planejada. Wilma elegeu-se governadora e, dois anos depois, Carlos Eduardo reelegeu-se prefeito de Natal. Em 2006, nova vitória do grupo liderado pelo PSB, com a reeleição da governadora. Mas em 2008, a hegemonia governista teve fim, com a vitória de Micarla de Sousa, derrotando Fátima Bezerra, candidata do bloco PT-PSB-PMDB.
Em 2010, Wilma amargou um novo revés eleitoral ao ser derrotada pelos senadores Garibaldi Alves Filho (PMDB) e José Agripino Maia (DEM). Ela resiste em admitir a candidatura a prefeita, mas no PSB isso é dado como fato consumado.
No PT, o desafio é convencer Fernando Mineiro a abrir mão de ser candidato em 2012 para, quem sabe, virar prefeito em 2014. Publicamente, o partido repete o mantra da candidatura própria, mas, internamente, algumas alas da legenda questionam se isso fortaleceria ou seria um tiro no pé da sigla.
Mineiro insiste que quer ser candidato a prefeito. Ele tem, inclusive, maioria partidária para fazer valer sua vontade. Mas os que defendem a composição com o PSB argumentam que, sozinho, ele tem poucas chances de sucesso.
Alisson concluiu o texto interpretando o cenário político, emitindo, assim, sua opinião. Se Mineiro tem a maioria do partido em favor da candidatura própria, não há desafio no PT para dissuadí-lo de ser candidato. O uso de expressões como quem sabe, mantra, tiro no pé, insiste que quer ser, fazer valer sua vontade, poucas chances colocam o PT em uma situação delicada no texto. E insinuam que a candidatura a prefeito é um projeto pessoal de Mineiro - não do partido -, que ele tenta impor ao restante da legenda. Justifica-se, desse modo, em minha opinião, a irritação do deputado: o texto foi além da informação e expôs uma opinião bastante negativa sobre ele e seu partido.
Comentários