'Conflito com Nicolelis não é pessoal', diz dissidente da UFRN



Sidarta continua indo de encontro à reitora Ângela Paiva.  Daqui a pouco, a reitora participa de coletiva ao lado de Miguel Nicolelis.  Mostrará que não há crise institucional.  Talvez as questões reais por trás da saída de Sidarta possam aparecer.  Uma das questões parece óbvia: o vínculo de dedicação exclusiva que o agora professor da UFRN, Sidarta Ribeiro, tem.  Isso a reitora já deixou claro na coletiva e nota divulgada na terça-feira.  
Numa instituição privada ou mesmo política, confrontar a maior liderança, como faz Sidarta em relação à reitora, valeria cargo e emprego.  Na instância da autonomia universitária, evidentemente isso não é possível.  Vamos aguardar os próximos passos e o cenário futuro.
Esta semana alguns dos inimigos de Nicolelis em Natal trocaram mensagens com o editor Reinaldo José Lopes via twitter.  O que será que disseram?

CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE

O neurocientista Sidarta Ribeiro, da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), contrariou as declarações da reitora Ângela Paiva e afirmou que existe "um problema" institucional entre a UFRN e o IINN (Instituto Internacional de Neurociências de Natal), dirigido pelo ex-mentor de Ribeiro, Miguel Nicolelis.
Em nota conjunta, o órgão gestor do instituto de Nicolelis e a reitora da UFRN haviam dito que os problemas se resumiam a "divergências pessoais" entre pesquisadores.
"O que existe é um problema que envolve uma parceria público-privada, que precisa ser resolvido e vai ser resolvido", disse Ribeiro.
Ele e colegas cortaram seus laços com o IINN, inclusive requisitando equipamentos antes compartilhados com o órgão, e estão implantando o Instituto do Cérebro na própria UFRN.
"Nosso projeto tem 15 anos e mobilizou muita gente no Brasil e no exterior. Já é um sucesso. Não podemos deixar que um problema de gestão acabe com tudo isso", disse.
Antigos colaboradores do instituto afirmaram à Folha que a gestão de Nicolelis teria envolvido ações autoritárias. O pesquisador argentino Diego Laplagne, da Universidade Rockefeller, foi proibido de entrar no IINN para assistir a uma palestra.
Laplagne havia trabalhado entre 2008 e 2009 como pós-doutorando no IINN. Em 2010, voltou a Natal para participar de um concurso para uma vaga de professor na UFRN.
No dia seguinte, foi ao IINN assistir a uma palestra do também argentino Pedro Beckinschtein, hoje na Universidade de Cambridge.
"Ao chegar me dei conta de que existia uma lista e que, como meu nome não estava nela, não tinha autorização para entrar no instituto, mesmo acompanhado de um professsor do IINN.
A lista estava impressa e plastificada!", contou Laplagne. "Só me restou partir no meu velho Fusca amarelo."
Laplagne também diz que o problema não é pessoal, e sim acadêmico. "A boa ciência básica só pode ocorrer em um ambiente de liberdade, onde o pesquisador tem independência de escolher suas perguntas e a forma de respondê-las. Minha sensação foi a de que não se estava avançando nesse caminho."



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