A esquizofrenia do filósofo

Li trechos da entrevista de Luís Felipe Pondé à Veja a partir do blog de Reinaldo Azevedo.
Confesso que não conheço o pensamento do filósofo pernambucano e que comecei a entender um pouco do que ele defende a partir da mesa da FLIP em que participou.  Evidentemente essa fala junto a trechos de uma entrevista não são suficientes para compreensão da totalidade do pensamento de um sujeito - ainda mais um pensador polemista como Pondé.
A impressão que tive do pouco que li é dupla.  Em primeiro lugar, o pensamento de Pondé me pareceu bastante raso.  Falta-lhe aprofundamento - elabora bem tecnicamente o que defende mais carece reflexão para interligar ou dialogar conceitos e campos muitas vezes opostos.  Quero dizer que me pareceu que Pondé tenta pôr em diálogo diversos conceitos que nem sempre são próximos ou possíveis de se estabelecer em relação não conflituosa.  E faz isso sem esclarecer os seus leitores ou ouvintes a respeito.
Em decorrência desse primeiro ponto, e até pelo fato de que Pondé se coloca também como psicanalista, parece-me que o filósofo expõe um pensamento com características psicóticas.  Afinal, faz relação no mesmo patamar com três propostas que, em tese, provocariam uma tal cissão de alma que poderia levar um sujeito à loucura - ou a uma morte simbólica ou concreta.  A tal relação é a que estabelece entre uma forma de niilismo com um ceticismo/pessimismo franco, alinhado a uma crença cristã bem estabelecida.  Igualar os três em um mesmo patamar existencialista me soa como um traço de retórica de uma neurose do tempo ou do ser.
É possível aliar uma crença ou medo do nada, a um ceticismo filosófico descrente e a uma fé estabelecida no teísmo cristão?  E é possível construir isso de forma harmônica e criticando, por tabela, a esquerda?  Isso me soa como loucura, esquizofrenia, estupidez ou uma simples insensatez filosófica em busca de platéia.

Comentários

Boa análise. Eu penso que o que une isso tudo, que você aponta como esquizofrenia, é a visãó teológica da contaminação da humanidade pelo pecado e a salvação pela graça. Aí acho que dá para unir os pontos e fazer surgir um desenho.