#ForaMicarla e a #NataldasAntigas

Ontem à noite o twitter ficou movimentado com a hashtag #NataldasAntigas.  Durante a maior parte da noite o assunto foi o mais comentado dos Trending Topics Brasil - seguido de perto, é bom que se diga, da #MossorodasAntigas.  No fim da noite e início da manhã outras cidades fizeram seus louvores a suas próprias histórias, como Manaus, João Pessoa e Campina Grande - todas visitando o TTBr.
Lembramos dos filmes assistidos no Rex, Rio Grande ou Nordeste e dos lanches da Casa da Maça e da Lobrás.  Lembramos os tempos em que as barracas de praia de Ponta Negra pareciam uma favela e quando a rua Erivan França era de barro.  Lembramos do jacaré do Aeroporto Augusto Severo e da rabeca de André na sorveteria Tropical.  Lembramos da Flash, Liverpool, Royal Salute.  Lembramos os hotéis Tirol, Residence e Reis Magos.
Eu lembrei de um tempo em que não vivi.  Nunca vivi uma gestão que entusiasmasse todo mundo o tempo todo.  Quando nasci, o prefeito era biônico, Marcos Formiga.  Lembro que havia um projeto educacional que copiava Djalma Maranhão - Em casa também se aprende a ler.  O rabo-de-palha de José Agripino ajudou a incendiar o entusiasmo democrático na eleição de Garibaldi, que derrotou a secretária de Ação Social do governador, Wilma Maia (depois, de Faria).  A eleição de Garibaldi foi uma festa.  Garibaldi não fez uma gestão desastrosa, mas como todos os sucessores, não tinha uma boa política para os servidores (minha família era de servidores), o que, junto à hiperinflação, fez nossa casa viver dificuldades.  Do mesmo modo, a sua sucessora, Wilma, que derrotou Henrique nas eleições de 88.
Evidente que eu lembrei de Aldo Tinoco.  Eleito por Wilma como seu sucessor, Aldo terminou o mandato no PSDB do presidente Fernando Henrique Cardoso.  Natal estava um caos, com toneladas e mais toneladas de lixo acumulado em todas as ruas devido à greve dos garis.  Aldo, dizem as más línguas, bebia em demasia.  Certa vez, pegou um ônibus coletivo e, como o motorista não parou em um ponto para pegar um passageiro, o prefeito se levantou para reclamar.  O motorista repreendeu-o, dizendo que devia estar no palácio do governo trabalhando e não andando naquele ônibus.  Aldo entrou para o anedotário popular como o pior prefeito que a cidade já viu.  Tanto que saiu da vida pública depois disso.
Depois de Aldo, tivemos um mandato e meio de Wilma de Faria e um e meio de Carlos Eduardo Alves.  Wilma foi regular e Carlos foi o melhor prefeito que eu vi em Natal.  Mas nenhum deles pode sufocar minha saudade de uma #NataldasAntigas que eu não vivi.  Falo da gestão popular de Djalma Maranhão.
Surpreendo-me todas as vezes que descubro novos detalhes do governo de Djalma - derrubado pelo golpe de 64, que foi apoiado e festejado pelo governador Aluizio Alves.  A participação popular era intensa, assim como o incentivo à cultura e projetos educacionais revolucionários como o copiado De pé no chão também se aprende a ler, que utilizava os instrumentos pedagógicos de Paulo Freire.  Dá saudades de um tempo não vivido.
Essas saudades aumentam quando eu me deparo com tantos buracos - ou, agora, desníveis - nas ruas da cidade, com a prefeitura mentindo e investindo R$ 250 mil em um show evangélico, com a terceirização da saúde pública, com tantos contratos suspeitos de irregularidade, enfim, com tanto caos e desgoverno como na gestão Micarla de Sousa.
Da #NataldasAntigas tenho saudade do não-vivido tempo de Djalma Maranhão.  Na #NataldoFuturo, certamente, lembraremos do dia em que Aldo Tinoco perdeu o trono de pior prefeito da cidade para Micarla de Sousa.

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