Parceria com UFRN continua inalterada, diz Nicolelis

Como havia sido minha impressão, Nicolelis deixou claro que os pesquisadores liderados por Sidarta Ribeiro que sairiam do IINN-IES mais cedo ou mais tarde em virtude do vínculo estabelecido com a UFRN como professores com dedicação exclusiva.  
Em setembro, os professores precisariam sair e para que tivessem equipamentos com os quais trabalhar, R$ 233 mil (e não R$ 6 milhões, como disse Sidarta à Folha) de equipamentos foram entregues à UFRN.  Desde o início, o transporte estava previsto e foi realizado na segunda-feira passada.
Particularmente, resta-me uma dúvida com esse vínculo de dedicação exclusiva, já que ele é impeditivo de acúmulo de função e salário.  Quem, afinal, pagava o salário de Sidarta, que era diretor do laboratório do IINN - ou ele não recebia por essa função, ficando com os vencimentos de professor universitário?
Além disso, pergunto se ninguém em nossa imprensa ou entre os inimigos declarados do neurocientista vai perguntar a Sidarta e aos que saíram porque não referiram que puderam receber subsídios e financiamento para pesquisa e equipamentos da ordem de R$ 500 mil cada um através da interveniência do IINN, enquanto estiveram ali.  O que foi efetivamente feito com esse recurso por cada pesquisador?  Ninguém fez essa pergunta na coletiva?
Nicolelis também esclareceu que 70% do dinheiro que entrava no convênio com a UFRN era privado, colocado pela AASDAP.  Isso me parece que desconstrói o discurso de seus inimigos de que malversou dinheiro público.  Sem contar, como disse acima, que o valor dos equipamentos entregues à Universidade era cerca de 4% (quatro porcento mesmo) da quantia que Sidarta informou à Folha de S. Paulo: não eram R$ 6 milhões, mas R$ 233 mil.  Equipamentos que pertenciam à UFRN e que, já estava previsto, seriam entregues à Universidade no fim do convênio - que se dá em setembro, por necessidade administrativa da UFRN, como disse o neurocientista na coletiva.
Mais importante: a UFRN e o IINN dividirão os mesmos espaços na Cidade do Cérebro. 
Tudo isso me faz pensar que esse caso era uma crise de nada - alimentada por egos feridos e uma parcela da sociedade natalense desgostosa da presença transformadora de Nicolelis na cidade.

O texto a seguir é do Portal No Minuto:

O neurocientista Miguel Nicolelis, diretor do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), afirmou, em entrevista coletiva concedida na tarde desta quinta-feira (28), que a parceria institucional da UFRN com a Associação Alberto Santos-Dumont (Aasdap), entidade mantenedora do instituto, não sofrerá “nenhuma mudança de rumo” em função do desligamento do grupo de pesquisadores da universidade liderados pelo professor Sidarta Ribeiro.

“Primeiramente, quero ressaltar para todos que essa Parceria Público Privada histórica [com a UFRN] continua absolutamente inalterada, sem nenhuma mudança de rumo. Pelo contrário. Ontem [quarta-feira, 27], me encontrei com a reitora [Ângela Paiva] para discutirmos os projetos de ampliação dessa parceria”, declarou.

Nicolelis disse que o desligamento dos pesquisadores da UFRN é algo “muito comum na ciência”, porque “faz parte da rotina da vida de cientistas terminarem colaborações que foram concluídas ou não, porque métodos e abordagens de se fazer ciência são diferentes”.
O neurocientista explicou que a saída do grupo estava prevista, porque esses pesquisadores trabalhavam no instituto graças a um convênio firmado entre o IINN e a UFRN. O convênio, que terminaria em setembro, foi feito para “abrigar” esses pesquisadores, vindos do exterior, para que pudessem iniciar seus trabalhos enquanto a sede do Campus do Cérebro em Macaíba não era concluída.
“Pleiteamos ao governo federal que abrisse 12 vagas, através de concurso público, para professores. Algumas dessa vagas foram preenchidas por alguns dos cientistas que vieram ao Brasil. Quando eles chegaram ao Brasil, não havia espaço para abriga-los no campus da UFRN, porque o prédio final do Campus do Cérebro ainda está em construção. Então a Aasdap abriu seu instituto, que é privado e tem uma equipe científica própria, para recebê-los”, esclareceu.
De acordo com Nicolelis, esse convênio era somente “uma das operações de colaboração da UFRN com a Aasdap de um projeto gigantesco”. “O término dessa colaboração não tem efeito algum nas atividades de pesquisa do nosso instituto, porque nós temos uma equipe própria. Estamos recrutando cientistas dentro e fora do Brasil, mantemos ativamente parcerias com a Suécia, Suíça, Alemanha, França, Chile e com os Estados Unidos”, comentou.
O diretor do IINN contou que cada pesquisador recebeu uma dotação orçamentária de R$ 500 mil para comprarem seus próprios equipamentos e montarem seus próprios laboratórios. “Isso foi um feito inédito na pesquisa científica no Brasil, como forma de priorizar a vinda deles para o país e incentivar o desenvolvimento da pesquisa neurocientífica no Nordeste e no RN”.
Os recursos, segundo Nicolelis, estão sendo diretamente repassados para UFRN, que destina o dinheiro aos pesquisadores. Ele disse que seus ex-colaboradores têm um “potencial científico muito grande” e que são “jovens da melhor categoria científica”.
Pelo convênio, a universidade entrava somente com 30% das despesas operacionais, conforme informou Nicolelis. “A Aasdap providenciou mais 70% de seus recursos próprios, privados, para auxiliar no trabalho desses pesquisadores. O convênio venceria em setembro desse ano. Nós achávamos que os pesquisadores haviam recebido aquilo que eles precisavam”, completou.
Nicolelis fez questão de tranquilizar os 100 funcionários da Aasdap, dizendo que “nada muda” no funcionamento do IINN. Além disso, assegurou aos alunos da pós-graduação em neurociências que “todos os projetos de pesquisa estão garantidos”. “A Aasdap e a UFRN vão garantir todos os trabalhos, todas as teses de doutorado, todos os experimentos”.

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