A presidente e o neurocientista (@miguelnicolelis)

Por Ateneia Feijó
O que Dilma Rousseff tem a ver com o último retorno do Atlantis ao nosso planeta na madrugada de quinta-feira passada, dia 21, na Flórida? Ou melhor, com a Nasa; que desistiu de continuar a investir em ônibus espaciais?
Aparentemente, uma boa sacada. Com a notícia de que quatro mil engenheiros da Nasa ficaram desempregados, Dilma pretende aproveitar a oportunidade (sem prejudicar nossos professores) para lhes oferecer contratos temporários de cinco anos, renováveis por mais cinco, para que ensinem em nossas universidades. Já sugeriu isso ao ministro da Educação Fernando Haddad.
De onde veio seu interesse por cérebros disponíveis nos Estados Unidos? De uma conversa com um gênio brasileiro: o neurocientista Miguel Nicolelis, pioneiro no campo da neuroprótese e considerado um dos 20 cientistas mais importantes do mundo.
No seu laboratório, na Duke University, um macaco aprendeu a transmitir pela internet os sinais cerebrais para controlar os movimentos de um robô no Japão. Lembra? Nicolelis e sua equipe demonstraram ser possível a ligação do tecido cerebral vivo a várias ferramentas artificiais; um projeto capaz de criar um traje robótico restaurador da mobilidade de pessoas com paralisia corporal.
O neurocientista acredita que nas próximas décadas os humanos poderão estar em vários ambientes remotos, "por meio de avatares e ferramentas artificiais controladas apenas pelo pensamento". Não se refere a ficção científica...
Capa da Scientific American Brasil (nas bancas), Nicolelis publicou artigo no qual afirma que provavelmente conseguiremos operar da Terra robôs e naves, de várias formas e tamanhos, enviados para explorar outros planetas e estrelas, usando apenas nossos "dedos mentais".
Conta também o motivo que o forçou a se mudar, em 1989, para os Estados Unidos. Seus artigos científicos não eram levados a sério no Brasil. Recomendavam-lhe retirar todos os trechos de pensamento especulativo sobre "nossa capacidade de fazer a interface entre o cérebro e máquinas".
Hoje, além de professor de neurociência da Duke University, é fundador do Duke's Center for Neuroengineering e do Instituto de Neurociências de Natal.
Dilma + Nicolelis? Ela tem falado em criar 75 mil bolsas de estudo no exterior para graduados, pós-graduados e pós-doutores em Engenharia, Matemática, Biologia, Física, Química e Ciências Médicas nas 30 melhores universidades do mundo. Um ajuste na defasagem interna?
Ateneia Feijó é jornalista

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