Benito Gama, Eliana Lima e a indignação seletiva dos jornalistas da Taba

Do Embolando Palavras:

Fiquei sabendo pelo Twitter do caso da agressão do secretário Benito Gama (Desenvolvimento Econômico) à jornalista Eliana Lima (Tribuna do Norte). Manifestei, pela rede social, meu repúdio ao fato. A intimidação, a coerção e a ameaça têm sido, muitas vezes, a resposta que os que se julgam intocáveis usam para reagir aos questionamentos, críticas e denúncias contra si.

O secretário não gostou de uma nota que a jornalista postou no blog dela e respondeu atirando: a chamou de “abelhuda”, disse que ela “faltou às aulas de ética jornalística” e fez insinuações sobre a forma como a mesma paga as contas dela.
Benito Gama, obviamente, tem todo o direito do mundo de contestar a informação publicada pela jornalista. Mas contestar não é o mesmo que destratar. O secretário, como agente público, deve satisfações à sociedade, cujos impostos pagam o seu salário, as suas viagens e as mordomias advindas do cargo que exerce.

Tenho uma tese para explicar a reação de Benito Gama: é o DNA do DEM. Os antigos pefelistas trazem o autoritarismo impregnado na alma. É da natureza deles. O secretário em questão foi importado da Bahia pela governadora Rosalba Ciarlini. A história política dele está ligada até à medula ao coronelismo do falecido Antônio Carlos Magalhães, o babalorixá que mandou e desmandou durante décadas naquele Estado.

A atitude de Benito Gama, portanto, não chega a surpreender. Era quase esperado. Isso, evidentemente, não o isenta de culpa. Mas minha indignação para por aí. Ouvi falar que organizaram um regabofe em desagravo à jornalista. Fiquei me perguntando por que, em outros episódios de agressão contra jornalistas que exerciam seu direito de expressão, opinião e crítica, não se propôs nada parecido.

Eu já fui agredido em função da minha atividade jornalística e tenho amigos, como o jornalista Daniel Dantas, que passaram pela mesma situação, embora a natureza da agressão tenha sido diferente. As manifestações de solidariedade, no meu caso, ficaram restritas a poucos amigos, a um ou outro jornalista mais corajoso e a alguns anônimos que ecoaram seu protesto aqui no blog. O Sindicato dos Jornalistas preferiu ficar em silêncio, alegando que se tratava de algo “pessoal”.

Não posso discorrer sobre esse assunto, por força de um acordo judicial. Isso, porém, demonstra como vivemos numa terra em que princípios são lembrados e descartados conforme a conveniência. Os mesmos que agora estão “indignados” com a agressão do secretário Benito Gama à jornalista Eliana Lima ficaram calados nessas outras situações. A indignação só vale para as figuras dos jornalões ou para quem é filho (a) de dono de jornal?

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