#ForaMicarla: Os babões e a falta de noção

Essa semana, Enildo Alves, líder da prefeita Micarla de Sousa (PV), e o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT), andaram se estranhando pela imprensa.  Nenhuma novidade, nada a acrescentar.  Faz parte ser um líder da prefeita que tem como seu principal antagonista o ex-prefeito.  Enildo tem de representar o anti-Carlos.
Mas navegando pelo twitter me chamou a atenção o título de um post do blogueiro Joel Dias: Política e luxúria.  Fui fisgado para ler o post por saber que o blogueiro é fiel defensor da gestão borboleta e misturou no mesmo título duas palavras explosivas.
Se era de política que ia falar, sabia que ia defender Micarla.  Se era de luxúria, imaginei que viria uma denúncia sobre a vida sexual de algum dos adversários da prefeita.  Golpe baixo, diga-se de passagem, amplamente explorado por ela durante a disputa eleitoral de 2008.  Luxúria, ou seja, lascívia ou práticas sexuais não bem aceitas socialmente.  Era isso que esperava ser explorado no post.

Mas o post traz a disputa entre Enildo e Carlos Eduardo.  Nada de luxúria.  A acusação é que Carlos Eduardo ostenta um luxo que não pode manter.  O autor, portanto, relacionou luxo a luxúria:
Carlos Eduardo nunca teve carteira assinada, nunca deu um prego numa barra de sabão (como dizem os mais velhos). Segundo Enildo, o patrimônio e o padrão de vida ostentado por Carlos Eduardo, não condizem com a realidade financeira declarada por ele.
Em que pese o fato de que Carlos Eduardo e sua esposa são proprietários de algumas franquias em Natal - Joel e Enildo desconsideraram o dado mais básico da vida de Carlos Eduardo: ele é um Alves.  Isso não é pouco.  Ele é filho de Agnelo e sobrinho de Aluízio.  Ele não nasceu em uma família sem bens ou sem poder.  A acusação é ridícula e beira a falta completa de noção.
A relação familiar de Carlos Eduardo - que é ex-prefeito e ex-deputado estadual, filho de deputado estadual e ex-prefeito, sobrinho e primo de Senador, de Ministro...- não o desabona pelo quesito dinheiro ou luxo.  O vínculo familiar o desabona no quesito oligarquia - e já falei sobre isso no blog.
A conclusão de Joel, portanto, ultrapassa o ridículo, como se Carlos tivesse chegado à prefeitura pobre:
Mas em nosso país, isso é coisa corriqueira. Alguns políticos assumem mandatos, com um patrimônio singelo, pequeno, mas, quando deixam o poder ostentam patrimônios invejáveis. E isso é visível pra qualquer leigo. Apenas o ministério público e a justiça, nunca enxergam.Se tem razão o raciocínio, e não tem, a origem do dinheiro de Carlos Eduardo - a ser investigada - é a mesma dos sempre aliados de Micarla, Henrique e Garibaldi.
Agora, para que o texto não seja ainda mais indecoroso, espero que Joel tenha apenas cometido um deslize semântico ao usar a palavra luxúria.  Porque, se não, estará sendo ainda mais rebaixado em sua crítica ao adversário político-eleitoral do momento.

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