#HomofobiaNao e os Pôneis Malditos

O comercial da Nissan funcionou, com certeza.  Faz dias que ninguém remove, por exemplo, os Pôneis Malditos do primeiro lugar dos Trending Topics Brasil.
Mas fui refletindo algumas coisas a esse respeito, evidentemente a partir de minha lembrança de Timothy Leary.  Vi Leary nesse comercial.  Uma colorida proposta lisérgica - e uma campanha tão sem noção que tive a sensação nítida de que tenha sido criada sob efeito de ácido.  Malditos pôneis!
Mas talvez pela loucura da contaminação lisérgica fui ampliando minhas percepções e, espero, não estar vendo chifre em cabeça de cavalos - no caso, em cabeça de pôneis.

Os pôneis conforme apresentados no comercial atendem bem o esteriótipo gay: delicados, frágeis, coloridos e de vozes afetadas.  São esses afetados que causam problemas ao carro - uma picape de machão.  A voz do off está cheia de uma forma violenta de masculinidade - com raiva, pergunta se eu quero uma picape com cavalos ou com pôneis, afinal pôneis não são coisas de machos.  Ainda mais aqueles pôneis, caracterizados como foram.
Somente aí já perpassam diversos discursos, todos relacionados com uma visão da masculinidade centrada num androcentrismo e num machismo.  Dela, é decorrente a caracterização dos malditos: os pôneis gays.
Mas há alguns outros detalhes discursivos que apontam a Nissan na direção de uma proposta de picape forte e homofóbica:
- Odeio barro, odeio lama - que nojinho - não vou sair do lugar, e o pônei manda um beijo e um te quiero para o proprietário do carro.
Outro índice está de volta na locução após a cena.  O tema da fala é todo a força e propõe que o consumidor escolha uma picape forte de verdade.  Contrapõe-se, de um lado e de outro, um discurso de masculinidade forte e machista contra a forma afetada de homossexualidade dos pôneis, que são malditos.
O discurso da campanha se estabelece sobre bem definidas representações sociais - de masculinidade/virilidade, de homossexualidade, de suas relações com a força.
Na campanha do Youtube, ainda um outro elemento a ser tomado em consideração.  O pônei assume uma voz demoníaca, olhos vermelho - imagem típica do diabo, do mal - e ameaça de maldição o espectador.  Talvez por efeito da coisa lisérgica desse vídeo, não pude deixar de lembrar de Malafaias, Felicianos e Maltas do país que converteram em representantes do Satanás todos os gays do país.  Converteram-nos em malditos gays.  Talvez até pôneis malditos.

Comentários

Chewbaca disse…
Cara, que babaquice. Essa revolta e esse discurso generalizado homossexual já tá enchendo o saco. Uma pura palhaçada e preconceito que já tá sendo gerado pelos próprios simpatizantes da causa. O mote da propaganda pode se referir muito bem ao universo feminino, delicado e que prefere andar em lugares que não sejam "offroad". Mas não, tem que vir alguém pra abrir a boca e falar que estão crucificando os coitados dos gays. Já passa da hora de o país assumir posturas mais firmes. Grande maioria da população do Brasil não pensa de forma liberal ou pelo menos consciente (incluindo todos aqueles que se colocam em posição de humilhados pela maioria). Todos aqui sofrem preconceito e geram preconceito de alguma forma e nem se dão conta disso. Não existe liberdade de expressão pra ninguém. O que há é um falso moralismo, uma forma de correção torta pra um defeito cultural que existe desde a época colonial, e que do dia pra noite resolveram dizer que é errado. Errado é esse extremismo que parte de todos os lados, fazendo um querer ser mais coitado ou "mais livre" do que o outro.
Anônimo disse…
Concordo com o Chewbaca...É uma brilhante ilustração dos publicitários. Entendo como uma demonstração que esse carro é um carro potente de verdade, com força de 180 cavalos e não um carro com força de poneis(que são de brinquedo, frágeis). O mundo não não se resume só ao universo gay não!! Se liga
Anônimo disse…
Cara, você é um idiota, deveria procurar tratamento profissional no prazo mais breve possivel!

Super Nanny Says: "Uma semana sem ver tv pra deixar de ser BABACA!"
Nick Gray disse…
HAHAHAHHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHA é uma interpretação possível. Acho totalmente válida, mas não unicamente aceitável.

Acho que isso pode, subliminarmente, passar tal mensagem homofóbica, mas duvido que mude a opinião de quem já tem uma cabeça formada. Achei a propaganda mó divertida e, como gay, não me ofendeu.