#VejaInvaders: Crime ou coragem? Não só @alvarodias_ mostra ética parcial

Não foi apenas o senador Álvaro Dias (PSDB/PR) que fez contorcionismos éticos para justificar a validade da ação da revista Veja relativa ao crime de tentar invadir o quarto do ex-ministro José Dirceu em hotel de Brasília. Jornalistas também levantaram a bandeira do jornalismo coragem.

Tive aulas de ética jornalística com alguém que não era exatamente ético. Como lembrou a colega Clarissa Medeiros, oradora de minha formatura, era um professspr que usava minúsculos pedacinhos de papel, anti-éitcos, para aplicar provas para nós.
Anos mais tarde, na campanha eleitoral de 2008, o mesmo professor de ética usou seu jornal diário como instrumento de campanha da prefeita borboleta e afirmava e reafirmava que tinha uma cobertura isenta. Levantamento feito nas primeiras páginas do período eleitoral, simples, mostrava que todas as capas eram favoráveis à Micarla - e quando Fátima Bezerra aparecia, era sempre negativamente.

Ainda assim, como um representante de um jornalismo não muito ético, jamais esse professor sequer insinuou que fosse ético ou valesse uma boa pauta o descumprir uma lei ou cometer um crime, como fez o jornalista Gustavo Ribeiro de Veja esta semana.

Ainda assim, um jovem jornalista natalense, com graduação praticamente inconclusa, chamou minha atenção esta noite por defender o ato criminoso como jornalismo coragem.










Não percebeu quatro coisas:

1) Ética não pode ser mudada ao bel-sabor de nossos interesses político-ideológicos;

2) O que ele falou sobre não defender bandido termina sendo uma enorme contradição, uma vez que defendeu a ação criminosa de um bandido travestido de jornalista;

3) A ação criminosa do jornalista da Veja foi denunciada pelo hotel e está sob investigação da Polícia Civil e da Polícia Federal. Ele disse que em aula de ética na graduação os alunos chegaram à conclusão que em nome da sociedade valia ações anti-éticas como essa. Questiono-me quem foi o [mal] professor que ensinou a essa turma o caminho da cadeia? E quem disse que provas obtidas ilegalmente podem ser usadas para condenar alguém?

4) Como jovem jornalista, Allan terminou se queimando profissionalmente. Ou porque disse aos seus patrões que é capaz de atos ilegais no exercício da profissão ou por ter demonstrado aos políticos que cobre no dia a dia que é capaz de invadir quartos e escritórios de forma criminosa a fim de corroborar uma denúncia - mesmo que vazia como a que Veja publicou este fim de semana. Suas fontes, certamente, não podem ter confiança em alguém que chama de jornalismo coragem um ato criminoso.

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