"Faltou sensibilidade", disse @cfialho

Conversei há pouco com Carlos Fialho sobre o episódio envolvendo autores potiguares e a venda nas livrarias Siciliano.  Ele acredita que o maior problema é que faltou sensibilidade no trato da questão por parte da livraria.
Fialho contou que no mês de agosto recebeu um telefonema da administração local da Siciliano informando que as lojas passariam por um inventário por parte da matriz.  Por isso, pediam que os Jovens Escribas recolhessem os volumes à venda, uma vez que nessas ocasiões, segundo disseram, sempre há problemas com o cadastro de autores locais.  Na Siciliano, o cadastro dos livros publicados por editoras nacionais é feito pela matriz.  Até então os autores locais eram cadastrados a partir das lojas.  Em virtude do inventário, os livros passariam o mês todo fora, podendo voltar a ser vendidos em setembro.

No dia 25 de agosto, na loja da Siciliano do Natal Shopping foi lançado o último livro de Clotilde Tavares, O verso e o briefing, publicado pelo selo Jovens Escribas.  A loja ficou com dez exemplares do livro para venda - Fialho aceitou porque faltava apenas uma semana para chegar setembro e a restrição ser removida.
No entanto, na última sexta-feira, 02 de setembro, ao ver a reclamação, no twitter, de uma cliente que não conseguiu comprar o livro de Clotilde, Fialho resolveu telefonar para a Siciliano.  “Fui informado que a matriz decidiu prorrogar a restrição pelo menos pelo mês de setembro”, disse Fialho.  “Aí eu dei a informação no twitter”, completou.
Fialho revelou que os Jovens Escribas pretendem fazer com que seus livros possam ser distribuídos via a matriz em São Paulo, para evitarem nova situação como essa.  Sobre as dificuldades que essa nova postura da Siciliano impõem sobre autores regionais sem muita estrutura de publicação – que precisarão se cadastrar diretamente com a matriz –, o manager dos Jovens Escribas acredita que as lojas fatalmente continuarão a cadastrar os autores regionais localmente.  “A venda do autor local será mantida porque tem um grande retorno, principalmente nas noites de lançamento”, disse Fialho.
Questionei a Fialho sobre os tantos livros de autores potiguares que ainda estiveram à venda na Siciliano, apesar da restrição imposta.  A informação que Fialho tinha é que os livros de autores potiguares distribuídos por editoras nacionais continuaram sendo vendidos normalmente – como é o caso de Clotilde Tavares, cujos títulos publicados pela Editora 34 e Cortez estavam sendo vendidos normalmente.
Acho que Fialho não quis alimentar uma polêmica já desnecessária, até porque, como disse, a “reclamação [feita pelo twitter] surtiu efeito” e a livraria voltou atrás a partir da repercussão que o caso teve.  Mas me soa ainda estranho o fato de que diversos autores – mesmo com publicação independente – não foram recolhidos e não tiveram restrição de venda.  Pelo que pude entender, a restrição foi dirigida contra qualquer um que quisesse pôr uma nova publicação à venda e aos livros publicados por editoras locais ou, o que seria pior, apenas os publicados pelos Jovens Escribas.

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