A legalização da grilagem pelo governo paulista

Setecentas famílias de sem-terra aguardam, há anos, na região do Pontal do Paranapanema (SP), que o estado reverta a posse de 155 mil hectares de lotes grilados e disponha a terra para Reforma Agrária.  Parte dessa terra grilada e ocupada ilegalmente é onde está estabelecida a fazenda da Cutrale.  Sim, aos desavisados, a Cutrale ocupa terra de forma ilegal.
Mas o governo tucano paulista não pensa ou quer justiça no campo.  Quer regularizar o crime dos empresários.  E usa como desculpa, para isso, pôr fim às disputas por terras na região - principal área de conflito agrário em São Paulo.  Duvido que Alckmin (PSDB), médico minimamente inteligente e informado, realmente creia que uma ação como essa não representará justamente o contrário: o recrudescimento da disputa por terra na região, talvez até com maior derramamento de sangue.  Provavelmente o que os tucanos queiram realmente é reprimir e extinguir o MST à base da bala e do porrete.
A proposta do governo pretende permitir que fazendeiros comprem terras que o próprio Estado reivindica como sendo suas.   Segundo a Folha de São Paulo, Alckmin pediu empenho aos deputados para a aprovação, na Assembleia Legislativa, de dois projetos de lei sobre o tema. Um é antigo, de 2007, mas o outro começou a tramitar no mês passado.  A aprovação dos projetos agilizaria a resolução da questão, sem precisar esperar pela Justiça. O Estado, porém, abre mão das terras.
O projeto de lei de 2007 foi proposto por Serra: permite a regularização de propriedades superiores a 500 hectares mediante o pagamento de taxa ao Estado.  Recentemente, novo projeto propõe regularizar as propriedade com até 500 hectares, também com pagamento.

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