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O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, protocolou na sexta passada (dia 23) um pedido formal de adesão da Palestina como membro pleno na ONU. O Conselho de Segurança anunciou que o estudará a partir de hoje (26), mas sua votação pode demorar semanas. Mesmo que o conselho aprove a inclusão, os Estados Unidos, que têm poder de veto, já anunciaram que vetarão a mudança. Para Miri Eisin, analista e ex-porta voz do governo israelense, o atual cenário indica uma vitória diplomática aos palestinos - que, para ela, é uma "vitória vazia".
“Acredito que Abbas vai receber a maior parte dos votos das Nações Unidas e, assim, obter uma clara vitória diplomática. No entanto, as implicações imediatas para a retomada das negociações é deixar a Palestina de fora [da ONU]. Sinto que esta é uma vitória vazia que não os aproxima do Estado, em vez disso, os empurra para mais longe”, disse Eisin em entrevista ao UOL Notícias.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, protocolou na sexta passada (dia 23) um pedido formal de adesão da Palestina como membro pleno na ONU. O Conselho de Segurança anunciou que o estudará a partir de hoje (26), mas sua votação pode demorar semanas. Mesmo que o conselho aprove a inclusão, os Estados Unidos, que têm poder de veto, já anunciaram que vetarão a mudança. Para Miri Eisin, analista e ex-porta voz do governo israelense, o atual cenário indica uma vitória diplomática aos palestinos - que, para ela, é uma "vitória vazia".
“Acredito que Abbas vai receber a maior parte dos votos das Nações Unidas e, assim, obter uma clara vitória diplomática. No entanto, as implicações imediatas para a retomada das negociações é deixar a Palestina de fora [da ONU]. Sinto que esta é uma vitória vazia que não os aproxima do Estado, em vez disso, os empurra para mais longe”, disse Eisin em entrevista ao UOL Notícias.
Para Eisin , o sucesso das negociações depende da “vontade" dos
dois países "de irem adiante e não apenas repetir posturas que todos já
conhecemos”. “É preciso conversar e não desistir logo na primeira
desavença ou discordância – e ambos precisam se comprometer”. Ela
também destaca o papel fundamental de cada um dos líderes. “As pessoas
precisam de lideranças com uma visão de futuro para os dois lados.”
Durante os discursos da semana na 66ª Assembleia Geral da ONU, a
maioria dos países manifestou sua opinião sobre a questão. Brasil e
Argentina, por exemplo, defenderam a entrada da Palestina na ONU,
frente è negativa do presidente americano Barack Obama e a sugestão de
aceitar a Palestina como “membro observador”, sugestão do francês
Nicolas Sarkozy. Abbas e o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu,
reforçaram cada um seu ponto de vista.
“Não ouvi nada diferente dos líderes. O líder palestino
apresentou os palestinos como vítimas em busca do reconhecimento do seu
Estado durante 63 anos. Já o premiê de Israel defendeu a questão da
segurança, o que vem influenciando os Estados Unidos por mais de seis
décadas. A questão agora é como construir uma ponte entre esses dois
pontos de vista e chegar a uma resolução. Espero que eles possam
negociar sem repetir o passado”, afirma Eisin.
Já conscientes do veto dos Estados Unidos ao pedido, os
palestinos tentam pressionar os demais países para tentar reverter um
cenário que, mesmo com apenas um veto, inviabiliza a proposta de Abbas.
Após submeter a candidatura ao secretário-geral da ONU, é preciso que 9
dos 15 países do Conselho de Segurança aprovem o pedido. Até agora,
seis países já anunciaram o apoio ao plano de Abbas (veja, abaixo, a
tabela com a posição dos países). Segundo o negociador Nabil Shaatg, do
Fatah, partido de Abbas, os países terão duas semanas para discutir a
questão.
Para Eisin, a indefinição do Conselho de Segurança – mesmo se tiver
maioria dos votos e for vetada pelos americanos, a Palestina não terá
direito a integrar a ONU – é prejudicial para ambos os países. “A
discussão vai continuar assim como aconteceu ao longo desses anos – sem
beneficiar um país ou outro ou aproximá-los. Assim, vai apenas adiar a
chance de uma negociação bilateral”.
Caso seja aceito, o pedido de reconhecimento será submetido à
nova votação apenas pelos membros permanentes da entidade -- Estados
Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido. É nesta etapa que os EUA
podem barrar a iniciativa palestina. Como todos os membros permanentes
do CS têm poder de veto, com apenas um voto contra dos EUA, o pedido é
negado. China e Rússia são a favor. Reino Unido e França não anunciaram
posição.
Se for aceito nessas duas votações pelo Conselho de Segurança, o
pedido palestino ainda deverá passar à votação geral por parte dos 193
países integrantes da Assembleia Geral da ONU, e ser aprovado por dois
terços deles -- o que seria praticamente certo. Se for rejeitado no CS,
segue para votação na Assembleia Geral, mas para que os palestinos
obtenham o título de Estado observador, e não membro.
Eisin é ex-porta voz do primeiro-ministro israelense,
Ehud Olmert, que na sexta-feira (23) - dia em que o pedido de Abbas foi
apresentado na ONU -, em um artigo para o "The New York Times',
defendeu uma solução rápida para questão, apoiando a saída que cria
dois Estados como "única forma de garantir um Oriente Médio mais
estável e conceder a Israel a segurança e o bem-estar que o país
deseja".
Olmert, no artigo, afirmou que a atual oportunidade para um
acordo "não se manterá aberta indefinidamente". "Não é sempre que
Israel se verá diante de líderes palestinos como Abbas e o
primeiro-ministro Salam Fayyad, que se opõem ao terrorismo e desejam a
paz. De fato, os futuros líderes palestinos podem abandonar a ideia de
dois Estados e buscar uma solução de Estado único, tornando impossível
a reconciliação. A hora é agora. Não haverá momento mais favorável".
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