#15oct: Quais são as vitórias desses movimentos

Outro dia conversava com um companheiro de partido sobre os movimentos desencadeados mundo afora a partir das mobilizações que derrubaram os regimes na Tunísia e no Egito, se espalharam em lugares como a Espanha, o Chile, os EUA. Uma coisa me incomodou bastante na nossa conversa. Ele analisava as mobilizações sob o prisma e a ótica de conceitos políticos, sociais e econômicos do século XIX. Sei que é difícil olhar o mundo de hoje com a dimensão que ele tem. E sei também que não temos ainda um distanciamento histórico para analisar de forma adequada tudo o que está acontecendo pelo mundo nesse ano de 2011. Mas algumas coisas para mim já são muito claras. O movimento contemporâneo é inédito. Como inédito que é qualquer ferramenta de análise e de interpretação que tenha sido precisa na análise de movimentos de outros tempos, já começa inadequado. Desse modo, qual é a medida de sucesso desses movimentos? No Egito e na Tunísia os ditadores foram derrubados mas até hoje nenhum modelo de democracia foi efetivado no lugar. Na Líbia um levante popular foi substituído por uma intervenção militar estrangeira. No mundo ocidental as praças da Espanha, Chile e Estados Unidos, aparentemente, ainda não conseguiram grandes vitórias. Mas isso é relativo e é aqui que entra minha conversa com o camarada de partido. Quem disse que a vitória de mobilizações desse nível é um acordo político com o governo de plantão? Tenho a impressão que a mobilização e as ações coletivas são vitórias maiores. Por isso esses movimentos não são apenas para além de partidos. Eles são além dos estados. Assim, se proliferaram rapidamente de país em país, povo a povo, nação a nação. Não é de estranhar que se marcasse logo uma ação global uniforme. É o 15 de outubro. Evidente ainda não somos capazes de compreender tudo. Mas esse vídeo abaixo explica melhor as vitórias da democracia e da ação coletiva direta. Os estados podem não mais mudar, mas as pessoas e a sociedade global estão mudando. Talvez estejamos passando por um processo global de ressocialização. Mas nenhuma tese como essa pode ser honestamente proposta em um momento histórico como esse.

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