#BlogMundoFoz: Occupy Itaipu!

A revolução não apenas será televisada. Se a televisão falhar, resta-nos a revolução dos tweets e dos posts - voz que liberta. Mas twitter e blog não são capazes de realizar qualquer mudança sozinhos - quem muda o mundo é o povo na rua.

Mas blogs e twitter possibilitam uma integração comunitária, a formação de formidáveis redes de amizades, proteção, cuidado e, muito importante, difusão de informações. A potência é que mude todas as relações entre sujeitos. Faça a revolução.

Um dos momentos revolucionários aconteceu nesses dias em Foz do Iguaçu. Para discutir, pensar e fazer uma política, especialmente nas áreas de comunicação, Internet e mobilização. Nesses dias, ocupamos Itaipu.

Há distância entre potência e ato, mas a emergência dessa enorme conexão, dessas redes e de suas possibilidades aponta para um novo mundo. O mundo com democracia mais participativa, mas real, mais livre, com liberdade total de expressão. Esse é um dos caminhos possíveis ao movimento que esteve aqui na Tríplice Fronteira.

Foram dois dias de intensos debates. Mais de 450 blogueiros de 23 países se encontraram em Itaipu Binacional para discutir, basicamente, os impactos que as novas mídias, as redes sociais e a militância nesses ambientes têm provocado nas democracias e ditaduras em todo mundo. Presenças destacadas de ativistas egípcios, sauditas, do Democracy Now dos Estados Unidos.

Quatro momentos merecem destaque entre tantos momentos especiais que o #BlogMundoFoz proporcionou aos participantes.

O primeiro deles, na mesa sobre Ásia e África - que como um todo foi muito rica -, foi a presença do jornalista brasileiro do sítio Asia Times, Pepe Escobar. Pepe fechou o debate. Seus relatos sobre a existência do Asia Times e sobre sua longa experiência fazendo jornalismo na Ásia foram envolventes. Mas o ponto alto foi seu relato sobre a situação da Líbia, que já postei em um vídeo ontem. Curioso é que no dia seguinte, um jornal britânico relatou versão bem semelhante sobre a captura e execução de Muanmar Gaddafi.

Outro momento de profunda emoção foi a participação do canadense Jesse Freeston, do The Real News, que cobriu a situação hondurenha desde o golpe militar que derrubou o presidente Manuel Zelaya até os dias atuais. Líderes oposicionistas e jornalistas críticos ao governo têm sido mortos, cotidianamente, em toda Honduras. O documentário que Freeston exibiu, que republiquei anteontem, provocou intensa repercussão entre os participantes.

Os últimos momentos marcantes têm relação direta com o ex-presidente Lula. Enquanto era realizada a mesa que discutia as experiências sul-americanas pipocou no twitter a notícia acerca do câncer de laringe do ex-presidente. Na mesa estava Martin Granovsky, editor do Página 12 da Argentina. Granovsky foi o jornalista que denunciou a imprensa colonizada do Brasil que perguntou "Por que não FHC?" quando Lula foi homenageado com título honoris causa na Science Po, na França.  Foi um dos primeiros a manifestar solidariedade ao ex-presidente.  Um clima de solidariedade e comoção se espalhou entre os presentes.

O impacto da notícia foi verbalizado durante a realização da mesa sobre as experiências brasileiras. Conceição Oliveira, do blog da Maria Frô, propôs, bastante emocionada, uma homenagem a Lula. Muitas palmas e o grito de “Lula, guerreiro do povo brasileiro!”fecharam o quarto grande momento do encontro.

Ahmed Bahgat
Talvez a coisa mais necessária e importante de um evento global como esse seja o relacionamento que se estabelece e que se aprofunda. O grupo de blogueiros que têm se reunido desde o primeiro encontro nacional de blogueiros progressistas, ano passado em São Paulo, tem se firmado cada vez mais em grande camaradagem e companheirismo, mesmo que haja, às vezes, discordâncias enormes entre todos. A esse grupo agregou-se agora um rico conjunto de companheiros de outros países, como o Ignácio Ramonet, criador do Le Monde Diplomatique, ou o jovem egípcio Ahmed Bahgat, protagonista dos protestos da Praça Tahir que levaram à derrubada do ditador Hosni Mubarak.
Ignácio Ramonet
Cria-se, a meu ver, uma massa crítica para mudanças consideráveis nas relações sociais e políticas a partir das redes sociais e da cibercultura. Essa geração poderá mudar o país. Ou mesmo o mundo. O Encontro Mundial de Blogueiros nos colocou, a todos, em posição de protagonista dos mais relevantes eventos globais relacionados à Internet.

Occupy Itaipu!

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