Estudantes chilenos distraem polícia com 'abraços' e ocupam Congresso


Do Opera Mundi

Mais de 60 estudantes ocuparam nesta quinta-feira (20/10) à noite, por cerca de oito horas, o prédio do Congresso Nacional do Chile. A tática utilizada por eles para entrar no local foi inusitada e surpreendeu a polícia: abraços (veja no vídeo abaixo). A ocupação ocorreu no momento em que os parlamentares debatiam com o ministro da Educação, Felipe Bulnes, o orçamento para o setor em 2012, em uma comissão especial.



Na sessão, os estudantes gritaram "plebiscito já" e "educação para todos". O governo anunciou ações legais contra a ocupação e criticou o presidente do Senado, o opositor Guido Girardi, por não autorizar a entrada de policiais para retirar os manifestantes. O ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, propôs a Girardi, de acordo com a lei o responsável pela ordem pública no interior do Congresso, que lançasse mão das forças da ordem, mas este se negou.

Finalmente, após mais de cinco horas de ocupação, os manifestantes chegaram a um acordo com parlamentares opositores para uma reforma constitucional urgente que permita a realização de plebiscitos vinculativos. Pouco tempo depois os manifestantes aceitaram deixar o prédio e do lado de fora foram contidos por policiais, que usaram força para reprimir os protestos. A polícia fez um cordão de isolamento em volta do prédio do Congresso e usou jatos de água. Os estudantes exigem dos parlamentares apoio à proposta de plebiscito vinculante, que estabelece que o resultado da votação oriente as mudanças na educação.

Há  aproximadamente sete meses ocorrem manifestações frequentes em várias cidades do Chile. Em geral, as ações são comandadas por estudantes que cobram reformas na educação. Anteontem (19/10), os tumultos foram intensos e houve confrontos entre manifestantes e policiais, além de barricadas.

De acordo com as autoridades, cerca de 1.700 pessoas foram presas em sete meses de manifestações. Para o vice-ministro do Interior, Rodrigo Ubilla, essa etapa dos protestos é como um "novo ciclo de violência". O ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, avisou que será executada a  Lei de Segurança do Estado contra os manifestantes que atearam fogo a um ônibus em uma das avenidas de Santiago. 

Nos últimos meses, o governo do presidente Sebastián Piñera apresentou propostas induficientes de reforma da educação e se reuniu por duas vezes com os estudantes para buscar um acordo. As sugestões foram rejeitadas. A principal reivindicação é a gratuidade do ensino superior no país – atualmente, as universidades chilenas são todas privadas.

*Com informações da emissora pública de televisão do Chile, TVN

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