Do Opera Mundi
É a primeira vez que uma "iniciativa cidadã" consegue organizar "de forma coordenada tantas manifestações em lugares diferentes e afastados", disse o jornal El Pais, da Espanha. Sob slogans como "povos do mundo, levantem-se", ou "sair à rua cria um novo mundo", os "indignados" convocaram no sábado manifestações em 951 cidades. "Evidentemente, existe agora um movimento internacional", confirmou o editorialista do Repubblica, Eugenio Scalfari.
Para Jon Aguirre Such, um dos integrantes do grupo Democracia Já, da Espanha, o alcance e a extensão dos protestos “demonstra que não se trata de um tema que diz respeito unicamente aos espanhóis, mas sim ao mundo inteiro. “A crise é mundial, os mercados atuam em escala global, a resposta, então, é mundial”, disse.
Além de Roma, onde dezenas de milhares de pessoas protestaram pacificamente, Madri e Lisboa foram cenário das maiores marchas. Milhares protestaram também em Washington e Nova York, onde 88 pessoas foram detidas. "Somos o povo, e eles nos venderam", "a cada dia, a cada semanas, ocupemos Wall Street", foram suas principais mensagens.
Em Londres, várias centenas de "indignados" passaram a noite de sábado para domingo em barracas na praça na frente da catedral de St. Paul, no coração da City, após a manifestação do dia anterior, marcada também por alguns confrontos e prisões. No sábado, de 2.000 a 3.000 "indignados", segundo estimativas da BBC, protestaram ao redor da St. Paul, entre cartazes contra a política de austeridade do governo britânico e os cortes orçamentários, assim como contra o sistema financeiro.
Genebra, Miami, Paris, Saraievo, Zurique, Cidade do México, Lima, Santiago, Hong Kong, Tóquio, Sidney... a "indignação" contra o capitalismo foi expressada no sábado praticamente em todos os continentes.
Curiosamente, na França, o país de Stéphane Hessel, autor do livro Indigne-se, que deu nome ao movimento através do mundo, as marchas tiveram um impacto limitado. Em Paris, houve vários grupos de manifestantes que convergiram para a sede da Prefeitura, onde realizaram uma Assembleia Popular, mas sem o impacto visto nas outras cidades europeias.
Popularidade
Para Todd Gitlin, pesquisador da Universidades de Columbia, o respaldo popular aos indignados vem acontecendo de forma mais rápida do que o conquistado pelo movimento antibélico, ou o movimento dos direitos civis. “Uma das principais demandas dos manifestantes é a crescente desigualdade e a falta de emprego”, afirmou o acadêmico ao Prensa Latina.
Em Washington, onde protetos também aconteceram, os manifestantes coincidiram com a Casa Branca ao expressar seu mal-estar contra o Congresso por não ter aprovado uma iniciativa do presidente Barack Obama para criar mais empregos.
Apesar de que alguns setores discutam a falta de liderança visível deste movimento, analistas dizem que outros protestos, como a dos direitos civis do século anterior, tiveram começo similar. "É hora que ocupemos Wall Street, ocupemos Washington, ocupemos o Alabama", exclamou o reverendo Al Sharpton, dirigente dos direitos civis nos Estados Unidos e um dos organizadores da marcha.
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