2011: Em que democracia estamos vivendo?

O ano é 2011, mas bem podia ser 1968.


Era junho, quando no interior do RN, no município de Serra do Mel, um blogueiro e militante do PT, Ednaldo Figueira, foi morto a tiros pelo único crime de criticar os gestores do município.
Direitos humanos já haviam antes sido rifados na tentativa do governo Dilma de evitar um CPI para investigar as denúncias contra o ex-ministro Antônio Palocci - para garantir o apoio da bancada evangélica, retirada do kit anti-homofobia em discussão no Ministério da Educação.  E não se fala mais disso.

Mas um dia como hoje está tão recheado de notícias de arbítrio e que apontam para um estado de exceção que só posso ter certeza de que entrei numa máquina do tempo.
Ontem, uma ação militar no interior de um campus universitário acabou com uma ocupação do prédio da reitoria.  Para além da desocupação, os manifestantes foram enquadrados, por pressão do governador do Estado (conforme relata o jornalista da revista Época, insuspeito, Paulo Moreira Leite), inclusive por formação de quadrilha.  Não fosse o pagamento da fiança por uma Central Sindical, os estudantes teriam sido transferidos para presídios no estado de São Paulo.
Na manhã de hoje, começaram a aparecer os relatos testemunhais sobre o estado do prédio ocupado: a polícia, não os estudantes, depredaram o espaço para incriminar os manifestantes.  Não são poucos os testemunhos de quem esteve lá antes e depois da ação da polícia.  Estudantes que negam terem montado sete coquetéis molotov.
Vídeos exibem, entre outras coisas, o cercamento, com cárcere privado, da residência universitária.  Inclusive com uso de gás.  Se a ação era para reintegração de posse da reitoria, porque prender e filmar os estudantes em sua residência?  Que democracia é essa?
Em paralelo, recebemos a informação de que, aqui no RN, em Pau dos Ferros, o blogueiro Clodoeudes Fernandes de Queiroz recebeu ameaças contra sua vida ao publicar bem fundamentada denúncia contra a secretária de Ação Social do município, do DEM.  Boletim de ocorrência feito contra quem ameaça alguém por sua opinião e atenta contra a liberdade de expressão.
Mas, sem dúvida, o auge da manhã de 1968 em 2011 foi a informação sobre o desaparecimento de Carlos Henrique Silva, estudante de história e diretor da UNE, durante a desocupação.  A PM de São Paulo faz desaparecimentos políticos ainda hoje?
Faz sim.  É só conhecer a luta das mães de maio.  Você conhece?  Provavelmente não - porque a Globo as ignora.
O que a gente ainda está fazendo parado, sendo reféns de um sistema que mantém sobre controle a mídia e o nosso governo, por meio dela?  É hora de luta.  Tempo de fazermos algo.

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