Egito: SCAF convocou reunião de emergência




Vídeo acima mostra forças de segurança abrindo fogo contra manifestantes da Praça Tahir

Na Carta Capital

O Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), no comando do Egito desde a queda do presidente Hosni Mubarak em 11 de fevereiro deste ano, convocou na noite de segunda-feira 21 as forças políticas para uma reunião de emergência, no terceiro dia de sangrentos confrontos no país.

O CSFA “convoca urgentemente todas as forças políticas e nacionais ao diálogo para examinar as causas que agravaram a atual crise e os meios para se encontrar uma saída e preservar a paz nacional”, assinala o comunicado.A reunião ocorre após o Conselho Supremo das Forças Armadas rejeitar a renúncia do governo do primeiro-ministro Esam Sharaf, reagindo ao anúncio do porta-voz do gabinete, Mohamed Hijazi, sobre a saída do governo devido a “circunstâncias difíceis que o país enfrenta atualmente”.

Desde sábado 19, 24 pessoas morreram em confrontos na Praça Tahrir e em outras regiões do Egito. O país está a uma semana do ínicio das eleições legislativas de 28 de novembro, que se estenderão por meses.

Na sexta-feira 18, uma manifestação com ativistas islâmicos e seculares apelou para que os militares transfiram o poder a um governo civil. O ativistas pediram um controle maior sobre a Constituição a ser criada, além da retirada de um documento do governo que propõe princípios supra-constitucionais. O mecanismo permitiria aos militares a manutenção de algum controle sobre questões do país e um orçamento praticamente confidencial.

Os militares dizem que irão transferir o poder somente depois das eleições presidenciais. Os manifestantes os acusam, porém, de querer se perpetuar no poder, mantendo o sistema repressivo do antigo regime.

Clima tenso

Durante o fim de semana, foram registrados confrontos também em Alexandria e na cidade do canal de Suez. Na Praça Tahir, a polícia e forças militares usaram cassetetes, gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os milhares de manifestantes.

Em resposta do governo aos protestos, o ministro da Cultura, Emad Abu Ghazi, renunciou na segunda e o chefe da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, pediu que todas as forças políticas pressionem pelo processo democrático.

Ele encorajou a luta “pela calma e pelo processo político” para avançar em direção a “mudanças democráticas baseadas nos princípios de liberdade, dignidade e justiça social sobre os quais a revolução de 25 de janeiro foi fundada.”O gabinete do governo garantiu em um comunicado que as eleições parlamentares da próxima semana estão mantidas. “Não vamos concordar com os pedidos para adiar as eleições. As Forças Armadas e o Ministério do Interior são capazes de garantir a segurança dos centros de votação”, disse Mohsen al-Fangari, um membro do Conselho, em programa de televisão egípcio.

Os primeiros confrontos eclodiram no sábado, um dia após uma multidão se reunir pacificamente contra os militares no Cairo. No domingo 20, a polícia e as tropas dominaram a Praça Tahir em confrontos nas ruas laterais do Ministério do Interior, enquanto manifestantes entoavam: “O povo quer derrubar o marechal em campo”, uma referência a Hussein Tantaui, ministro da Defesa de longa data e líder do atual governo militar.

Muitas figuras políticas proeminentes e intelectuais, incluindo o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Nuclear Mohamed ElBaradei tinham pedido o adiamento das votações legislativas.

Eles apresentaram um novo mapa da transição em que uma Assembleia Constituinte eleita elaboraria uma Constituição e uma eleição presidencial seria realizada, seguida de eleições parlamentares.

Enquanto isso, os Estados Unidos manifestaram na segunda-feira “profunda preocupação” com os novos episódios de violência no Egito, pediram “moderação” às partes e afirmaram que esperam uma transição democrática no país.

A tensão política e social refletiu no mercado finaceiro e derrubou a Bolsa de Valores do Egito 4,04% na segunda, com o principal índice EGX-30 caindo 3.860.000 pontos.

Com informações AFP.

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