#Occupy: O que será o amanhã?

Nos últimos dias ações policiais começaram a confrontar e desfazer os acampamentos do movimento #Occupy. Wall Street, nesta madrugada, foi o último evento, mas ações semelhantes ocorreram em Oakland, Portland e um punhado de outras cidades americanas. Até em Londres as autoridades municipais se preparam para ir à justiça tentar remover os acampados.

No Brasil, após a desocupação da reitoria da USP, espera-se que algo semelhante possa atingir nos próximos dias os nossos maiores acampamentos em São Paulo e no Rio de Janeiro - que permanecem invisíveis à imprensa local.

Se forem efetivas as ações de desocupação desse movimento, resta-nos a questão sobre o futuro - o que muda após as ações indignadas que mobilizaram a Primavera Árabe, foram às ruas da Espanha, do Chile, incendiaram Londres, antes de chegar aos Estados Unidos e uns tantos outros países pelo mundo a fora.

Trata-se de um movimento global. Até por isso, é um movimento que ainda não pode sofrer uma análise muito precisa de seus passos e suas consequências. Mas eu as avalio em duas possíveis.

De um lado, os mobilizados não se desmobilizarão. Permanecerão atentos. Serão uma multidão pressionando governos, sistemas, questionando os passos da justiça social e as raízes de nosso modelo econômico. Cresceram com a repressão e, mesmo que não estejam mais acampados, ocuparam as ruas em manifestações sempre presentes até que algo de concreto se altere em favor das gerações futuras. A política tradicional estará em xeque e a sociedade, cada vez mais civil e organizada, moverá as peças em busca de uma democracia cada vez mais participativa. De início, nos limites de nossos modelos ocidentais e liberais (através de orçamentos participativos, conferências e que tais) - nosso mundo será mais ativista e participativo. E em um passo utópico talvez possamos mudar os fundamentos das coisas. Há um espectro que ronda a Europa e o mundo.

Outra possibilidade é que os indignados se desmobilizem. Nada de muito concreto seria avançado. Estaríamos ainda nos limites de nossos sistemas políticos, sociais e econômicos. Não enfrentaríamos de frente as raízes das questões. Os fundamentos permaneceriam. Mas ainda assim, nada seria igual. É uma geração mais consciente e politizada que emerge dos movimentos políticos de 2011. É uma geração que ocupará, então, nesse cenário, a política tradicional com novas ideias, proposta e novas formas de fazer um mundo e um futuro melhor - ainda que tudo extremamente dentro dos limites estabelecidos pelas nossas referências de democracia ocidental - puramente representativa.

Vivemos, provavelmente, um cenário revolucionário. De qualquer modo, nada mais será o mesmo. Uma revolução em curso modificou as relações, os sujeitos, a democracia e a política. Mesmo que a polícia retire todos os acampados de todas as partes do mundo, a força da ideia que moveu cada um e todos permanecerá presente. Em um cenário ou no outro, a ideia provocará mudanças que tornarão o mundo um lugar melhor para as gerações que vierem.

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