#OcupaUSP: Para ditador Rodas, somente "ideológicos" serão contra presença da PM

A Folha/UOL ocultou, desde o início, as agressões de PMs a estudantes desarmados durante a desocupação.  Uma jovem teve uma borracha colocada na boca por ter entrado em pânico.  Um dos líderes do movimento, Rafael Alvin, foi espancado por PMs antes de ser preso. Um soldado, em foto já clássica, aponta uma espingarda calibre 12 no rosto de um estudante.  
Sem contar no fato de que não são poucos os testemunhos e relatos de que não houve depredação do patrimônio público por parte dos estudantes e que os coquetéis molotov, evocados pelo reitor-ditador Rodas, foram plantados.  A principal voz que desconfia da versão oficial é o insuspeito Paulo Moreira Leite, da revista Época.

Do UOL

Daqui a alguns meses, "somente os ideológicos" continuarão contrários à presença da Polícia Militar no campus da USP, disse ontem o reitor João Grandino Rodas.Ele comentou a pesquisa publicada ontem pela Folha segundo a qual 58% dos estudantes da USP apoiam a presença da polícia no campus. O levantamento do Datafolha ouviu 683 alunos de 28 unidades da USP.

"Não me surpreendeu o percentual de apoio. Tal apoio servirá para que os órgãos centrais da USP trabalhem para colaborar na implantação da polícia comunitária e na integração entre a PM e a Guarda Universitária (desarmada) para que aumente tanto a segurança como a sensação de segurança", disse.

Embora a maioria dos alunos (73%) tenha sido contra a invasão da reitoria, 46% criticaram a ação da PM na desocupação, no último dia 8.

Rodas avalia que a operação foi bem sucedida. Para o sucesso da empreitada sem o uso de armas, disse, foi importante que a PM tivesse "superioridade numérica" em relação aos estudantes.

"E se os alunos e os estranhos que estavam no prédio tivessem tido tempo para utilizar os coquetéis molotov e os reservatórios de gasolina?"

A força, diz, foi a medida extrema para liberar a reitoria; os alunos haviam descumprido decisão judicial.

Aluno de ciências sociais e diretor do DCE (Diretório Central dos Estudantes), Renan de Oliveira, 25, diz que a pesquisa revela "quase um equilíbrio" entre os alunos em relação à presença da PM no campus, o que suscita a necessidade de debater o tema.

"Uma parte significativa dos alunos não se sente segura com a presença da PM no campus", afirmou.

Efeito psicológico

Para Ruy Braga, professor da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), o resultado reflete "campanha da mídia para convencer a comunidade" de que a PM é necessária. A parcela dos alunos mais engajada nas discussões sobre as políticas de segurança pública na universidade foi contrária à presença da polícia, diz.

A PM no campus tem efeito mais psicológico que prático, diz Braga. Para ele, a ocupação da reitoria foi um erro combatido com outro.

A PM não falou sobre a pesquisa. Limitou-se a dizer que a ação na reitoria foi planejada e que não houve exagero.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) não se manifestou.

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