#OcupaUSP: Relato sobre a ação policial na USP no dia 8 de novembro de 2011



A ação policial na reitoria da USP
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Durante a madrugada do dia 08 de novembro, por volta das 4 horas da manhã, a Universidade de São Paulo (USP) foi sitiada pela Tropa de Choque da Polícia Militar (PM). Eles se preparavam para executar a reintegração de posse do prédio da Reitoria ocupada.

Iniciou-se uma emboscada por todos os lados do prédio da Reitoria. Policiais com rostos vendados do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) e policiais da Tropa de Choque invadiram de rapel o prédio, descendo pelo teto da Reitoria. Os policiais não portavam nenhum tipo de identificação, coibindo assim o direito da sociedade de acompanhar a ação policial e de denunciar os abusos de poder cometidos por parte dos policiais. Dentro da Reitoria ocupada iniciaram-se as agressões. Não houve resistência por parte dos estudantes, pois foram pegos de surpresa durante o sono. Os policiais separaram de forma violenta os homens e as mulheres. Policiais masculinos retiraram as mulheres à força de seus grupos de amigos. Quando uma garota tentou se desvincular dos polícias para não se separar do grupo, foi agredida fisicamente e amordaçada em um quarto distante. Os companheiros relataram que ouviram seus gritos que depois foram abafados pelos policiais.

Homossexuais eram agredidos pelos policiais que diziam que eles deveriam ir para a fila das mulheres. Magros e gordos, altos e baixos, quaisquer característica era utilizada como motivo de chacota, numa atitude de violência verbal e psicológica por parte dos policiais.

Depois de prender os manifestantes, os policiais começaram a quebrar o patrimônio público da reitoria aos chutes e a pancada de cassetetes. Fechaduras e portas foram danificadas durante a invasão policial. Esses objetos foram posteriormente filmados pela imprensa que acusou aos manifestantes.

Não foi permitida a cobertura ampla da imprensa. Apenas um grupo seleto de jornalistas pôde acompanhar a ação. Jornalistas independentes e de outros grupos que não fossem da Abril e da Globo foram impedidos de chegar ao portão da reitoria ocupada durante a ação policial.

Agora, cerca de 75 estudantes estão detidos no 91º Batalhão ? SP. Além de assinar o termo circunstanciado estão sendo forçados a assinar o termo de flagrante e só serão liberados mediante fiança de 550 reais. Estão sendo acusados também de crime ambiental, formação de quadrilha, depredação de patrimônio público e desobediência civil.

O cerco policial ao CRUSP
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Na calada da noite, a moradia dos estudantes (CRUSP) também foi cercada pelos polícias que tentavam impedir aos estudantes que se juntassem aos ocupantes.

Ao descer de suas casas, os moradores do CRUSP foram impedidos de sair pelos corredores de acesso aos prédios. Qualquer pessoa que se aproximava era ameaçada e recebia ordens para recuar. Balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo foram usadas para dispersar os estudantes que se organizavam nos corredores do Conjunto Residencial.

Os alunos tiveram que colocar bancos de concreto para impedir o avanço da Tropa de Choque ao espaço de moradia dos estudantes.

Veja o vídeo.

Somente por volta das 6 da manhã as vias de acesso ao CRUSP foram liberadas com a chegada da parte da grande imprensa que não tinha sido avisada previamente da operação ? como foram os grupos Abril e Globo. Os moradores se aproximaram da reitoria ocupada e encontraram o prédio sitiado, identificaram também uma série de irregularidades nas ações policiais.

Policiais armados com armas de fogo e rifles de assalto, sem identificação, impediam o acesso da imprensa independente e de outros grupos de mídia que não eram do pequeno grupo de privilegiados. Pessoas com câmeras eram intimidadas e afastadas do círculo do prédio cercado pela Tropa de Choque.

(veja fotos abaixo)

A continuidade da polícia militar no campus
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Mesmo depois de terminada a ação na reitoria, os policiais se mantiveram em diversos lugares da Universidade. Os acessos principais da USP e os acessos de várias faculdades estão ocupados. As áreas próximas à Reitoria, o CRUSP, a Poli, o CCE(Centro de computação e eletrônica), a ECA, a FFLCH e outras faculdades estão cercadas pelas forças policiais. Os helicópteros da PM continuam a rondar a USP.


Link das fotos: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2011/11/499799.shtml

Comentários

Pois é. O PSOL, principalmente, vem conduzindo esse processo de ocupações em vários locais, sob disfarce de 'anônimo' ou 'indignado'. Cara, não vivemos nos anos de chumbo em que todas as agremiações estudantis foram proibidas de atuar livremente, não havia liberdade de imprensa, só dois partidos permitidos atuavam no Congresso, havia tortura e assassinatos políticos. O que fazem é tentar criar um factóide, aludindo a esse período difícil. A meta é política, mas os delitos de depredar e ocupar na marra são comuns. Democracia não é fazer tudo o que se deseja, sem observar as leis e o direito. Não aceitar o resultado das urnas e tentar criar instabilidade social e política é sacanagem, pois o governo foi eleito pela população. Os grupos que organizam os 'ocupa' são todos eles ligados a partidos emergentes, a agenda denuncia. O que querem, paradoxalmente, é ter o poder formal nas mãos, ganhar poder, governar.