Copa 2014: Comitê popular propõe mudanças em projeto

No Diário de Natal
 
Enquanto a população natalense vive a expectativa da Prefeitura iniciar as obras de mobilidade urbana na capital potiguar para a Copa de 2014, um grupo de representantes das 429 famílias, proprietárias de imóveis que serão desapropriados na avenida Capitão-Mor Gouveia, devido a obra do corredor estrutural unindo as zonas Norte, Oeste e Sul da capital, esteve reunido ontem com a superintendência da Caixa Econômica Federal (CEF) na expectativa de poder ter acesso ao projeto e sugerir alternativas de mudanças para evitar desapropriações. Hoje à tarde, a mobilização popular para evitar o que eles chamam de injustiças da Copa 2014 prossegue com reunião de representantes da Associação Potiguar de Atingidos pelas Obras da Copa e o Comitê Popular da Copa, com o Gabinete Civil da Prefeitura de Natal. Na ocasião, eles vão solicitar que a Prefeitura leve em consideração os projetos alternativos de utilização de outras avenidas na formação do corredor estrutural e entregar um abaixo-assinado de diversas comunidades e instituições situadas ao longo da Mor Gouveia.
Segundo uma das coordenadoras do Comitê Popular da Copa, Maria das Neves Valentim, a reunião com a superintendência da Caixa Econômica Federal foi esclarecedora, "pois eles nos explicaram o papel limitado da CEF que diz respeito somente ao financiamento e execução do projeto quando a área já estiver totalmente desocupada, cabendo unicamente à Prefeitura a questão das desapropriações". Na ocasião, o grupo apresentou o projeto alternativo para o Corredor Estrutural que sugere a avenida Capitão-mor Gouveia como mão única em um sentido e duas outras avenidas dando mobilidade ao outro sentido que são as avenidas Jerônimo Câmara e Amintas Barros. Esta última tem seu início no bairro de Morro Branco e termina na BR-226, no Bom Pastor.

Na opinião de um dos coordenadores da Associação dos Atingidos pelas Obras da Copa, Marcos Reinaldo da Silva, a alternativa de se utilizar as avenidas paralelas é a melhor solução parao problema do corredor estrutural, pois não haverá necessidade de desapropriar uma série de imóveis no corredor. Para ele, a Copa do Mundo não pode dizer que vai deixar um legado para futuras gerações se vai desapropriar e cometer injustiças com as pessoas. "Ora, se a prefeitura alega que esse corredor vai dar mobilidade ao Aeroporto de São Gonçalo unindo rodoviária e BR-101, através da Mor Gouveia, podemos dizer que será uma obra para turistas em dias de jogos e não se pode pensar no futuro de uma cidade dessa forma", disse Marcos.

O representante do Comitê Popular da Copa, Marcos Dionísio, disse que a Copa do Mundo poderia ser uma grande oportunidade para a cidade resolver problemas históricos de mobilidade, acessibilidade, desenvolvimento urbano e regularização fundiária, entre outros. Entretanto, segundo Dionísio, o evento está sendo agora tomado pela falta de diálogo e falta de sinceridade dos gestores que vão fazer com que a Copa do Mundo se transforme em um gol contra.

Alto investimento e uma série de preocupações

Um dos comerciantes atingidos pelas obras que serão realizadas na avenida Capitão-Mor Gouveia é o empresário Lucas Bonavides, proprietário da oficina mecânica 4x4. Ele alugou o ponto comercial com contrato até 2015, investindo muito para abrir o negócio em reforma física, elétrica, hidráulica, funcionários, equipamentos e cursos. "O que tem de investimento é muito mais do que qualquer indenização que tenho ouvido falar. Tenho custos fixos, parcerias comerciais, contratos a cumprir, lucros, financiamentos, sonhos, etc. Hoje, minha oficina é referência na cidade e com grandes possibilidades de crescimento. Não me parece tão simples uma equipe de peritos da prefeitura definir quanto devo receber. Mensurar isso não é fácil", disse ele.

Além disso, acrescenta ele, por mais que se defina uma indenização, não imagino um comércio funcionando com as obras acontecendo por aqui. "Como meus clientes chegarão à Oficina durante as obras da Copa? Como fica meu fluxo diário de clientes? Sendo assim como vou conseguir pagar funcionários? Como pagar fornecedores de compras faturadas?", questiona Bonavides.

Outro proprietário de imóvel prejudicado pelas obras da Capitão-mor Gouveia é Neto Varela. Ele tem um prédio com dois pavimentos funcionando em baixo uma loja de casa e, em cima, a residência do seu pai. "Se recuarmos 15 metros vamos perder praticamente tudo, vai alcançar cerca de 70% do terreno da loja, sendo impraticável se instalar aqui qualquer empreendimento", reclama Neto.

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