Depois de um ano

Um ano atrás, vivia uma especial expectativa. Era o último dia do ano, mas era o último dia do operário presidente. A ansiedade percorria a alma: como seria viver num país pós-Lula?
Confesso que chorei na cerimônia de posse no dia seguinte. Chorei quando vi a nova presidenta, ex-torturada, passar em revista às tropas. Mas chorei muito mesmo ao ver Lula, já ex-presidente, se jogando nos braços do povo na Praça dos Três Poderes. E a emoção da tripulação da FAB que levaria o ex-presidente para São Paulo? Momentos históricos impagáveis.
Um ano depois já não sou ardoroso defensor do governo Dilma, capaz de rifar direitos de homossexuais para assegurar o voto de uma bancada evangélica que absolutamente não me representa em Brasília.
Aliás os políticos evangélicos têm cada vez mais a ver com posturas públicas que se relacionam a visões de fé que de jeito nenhum eu compartilho. Aqui em Natal, por exemplo, os evangélicos sempre compuseram a bancada de apoio à prefeita Micarla de Sousa (PV), transformada em crente, aliás, este ano. Tem evangélico na bancada de Micarla respondendo por acusação de pedofilia como manda a boa fé deles.
Em 2011, o movimento #ForaMicarla evoluiu até se tornar uma vitoriosa, histórica e emocionante ocupação da Câmara Municipal, subjugando em nome do povo algumas das atitudes menos democráticas já assumidas por aquela casa - que finalmente pôde investigar a suspeita gestão municipal. O movimento se esvaziou mas as cenas vitoriosas contribuíram para forjar, no RN, uma parcela da juventude global que agora vai às ruas, indignada.
Conversamos esse ano com o neurocientista Miguel Nicolelis, fizemos debates sobre a Copa, a cidade, a corrupção. Fizemos as pessoas pensarem e falarem. O ano que começa nos exige resultados.
Fui a Brasília, doente, saído da experiência da Câmara. Lá, ouvimos Lula, pussemos Paulo Bernardo contra a parede, nos emocionamos com Luísa Erundina (PSB) e Ênio Barroso Filho.
Estive em Foz do Iguaçu (PR) onde militantes virtuais de quase trinta países - inclusive da Primavera Árabe e do Occupy Wall Street - trocaram experiências por dois dias.
A última parte do ano foi de Pecado Capital e Sinal Fechado. Que bem poderiam se chamar de Mãos Limpas. Os valentes promotores da Defesa do Patrimônio Público - que atuam na defesa de todos nós - levantaram os novelos que podem nos ajudar a nos livrar daqueles que nos roubaram e exploraram nas últimas quatro décadas. Espero pelo dia em que celebraremos a queda de todos os mais "probos" e corruptos políticos do estado. Os que receberam e pagaram a George Olímpio, viu Jajá e seus parceiros tucanos?
O ano chega ao fim e acho que o saldo, para mim, foi positivo. Para além do crescimento como militante, cresci como pai, filho, marido, gente. E cheguei bem mais perto de terminar minha tese.
Inté 2011, que me viu o oitavo mais chato do RN.
Bem vindo, 2012. Último ano em ue sofreremos a gestão Micarla. Amém.

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