Resposta enviada ao Jornal de WM

Em resposta à nota publicada ontem no Jornal de WM (Tribuna do Norte), enviei o e-mail abaixo para o jornalista Vicente Neto, interino da coluna.

Caro Vicente,

Fique à vontade em publicar ou não meu e-mail. Acredito que não seja do interesse nem do Jornal do WM nem da Tribuna do Norte alimentar tal polêmica em suas páginas.

Sei também que, como leitor de meu blog, mesmo antes da publicação da correspondência do pastor Antônio Targino você viu os argumentos que tenho publicado, alguns respondendo de maneira bem óbvia o que expôs o presidente da Convenção Batista. E deve ter visto também que comentei a sua nota publicada na edição de hoje da Tribuna do Norte.

Vejo necessidade de destacar, no entanto, alguns aspectos, no mínimo estranhos, da posição exposta pelo presidente da Convenção. A reunião a que se refere o pastor Targino aconteceu no fim da manhã do domingo, 2 de maio de 2010, e não no fim da manhã da sexta-feira, 2 de abril de 2010 (o que é facilmente comprovável a partir do depoimento dos presentes, do programa da Convenção e dos demais registros das atas das demais sessões da Assembleia). A ata da reunião de Mossoró foi datada de 2 de abril, por equívoco. Na tentativa de manter a validade da ata, recheada de erros crassos, o pastor enfatiza que a reunião teria acontecido numa manhã de sexta-feira, um mês antes da realização da Convenção em Mossoró.

A decisão de venda foi tomada no fim de uma das reuniões da assembléia, com o seguinte registro em ata (em que mantive inclusive os erros ortográficos):"A sessão é aprovada por mais trinta minutos. O Presidente Pr. Antônio de Araújo Targino dá uma palavra aos convencionais sobre a proposta do Conselho as CBNR para alienação de bens: após explicações sobre a necessidade da venda da propriedade do Colégio Americano Batista com o objetivo de construção da nova sede da Convenção do Seminário Batista. É apresentado um vídeo para os irmãos com planta do novo projeto da convenção. A proposta é colocada em discussão para o plenário. A Assembléia é prorrogada por mais 20 minutos. A assembléia é prorrogada por mais 20 minutos. A assembléia é prorrogada por mais 10 minutos. A proposta foi posta em votação com 137 mensageiros presentes no plenário. Oração feita antes pelo irmão Aurimar Alves. Posto em votação a proposta foi aprovada com o seguinte resultado: 105 (cento e cinco) votos a favor, contrários 18 (dezoitos), 02 (duas) abstenções. Que fique registrado os nomes dos contrários a esta proposta que são: Pr. Joaquim Pinto de Mesquita Neto, Alderi Gondim Fernandes, Maria da Conceição, Kezia Ventura de Oliveira, Paulo Roberto Estevam, Elenilza Batista, Jerferson Gomes Penha. É lida a ordem do dia da próxima sessão pela secretária. Encerra-se a sessão. Eu, secretária, redigi esta ataque dato e assino junto com o presidente após aprovada. Leiliane Paiva Acioli do Nascimento. Secretária.

A convenção teve 317 inscritos de 75 igrejas. Na votação final, foram 137 mensageiros presentes. Segundo a ata, 105 votaram a favor, 18 contra 2 abstenções. Se você somar, dá 125 pessoas.
Espere um pouco: se foram 137 presentes, como a soma deu 125? Isso mesmo: na ata que supostamente aprovou a venda do terreno por um erro crasso não se conseguiu sequer contar o número de votantes.
Ao contrário do que afirmou em sua correspondência o pastor Targino, a ata não delegou poderes ao Conselho para negociar a venda. Em virtude disso, a Record Engenharia solicitou à direção da Convenção que convocasse uma nova assembléia para referendar o negócio – ainda que, supostamente, o Conselho tivesse autorização para realizar a venda sem precisar de uma nova assembléia.

Ainda há algo mais grave na interpretação dada pelo pastor Targino, a tomá-la por correta: mais uma vez a votação da assembléia em Mossoró, que supostamente aprovou a venda, estará irregular. Afinal, eram 317 mensageiros inscritos. O quorum qualificado de dois terços para a votação - a prevalecer essa interpretação - deveria ser de 212 presentes. Estavam presentes 137 (ou 125, a confiar na soma dos votos). Faltariam, portanto, no mínimo, 75 presentes na reunião.
A tentativa de explicação do pastor Targino, a meu ver, complicou ainda mais sua posição, afinal deixaram ainda mais claro que todo o processo, a partir da reunião de maio de 2010, que supostamente autorizou ao Conselho da Convenção conduzir a venda, está eivado de erros fundamentais. Não à toa a própria empresa interessada no negócio solicitou a realização de uma nova reunião. E não à toa, também, nem o pastor Targino nem os representantes da empresa explicaram, na reunião da última quinta-feira, por que seria necessária a nova assembléia, já que tudo, supostamente, estaria de acordo com a legislação e os nossos estatutos desde Mossoró. Nenhum deles teve a coragem de explicar à assembléia que nenhum negócio poderia ser fechado a partir do que estava registrado na ata da reunião de maio de 2010.

Comentários

silvestre cabral disse…
Vale salientar que além dos 2/3 não pode ser em assembléia extraordinária e sim em assembléia ordinária.
Isso soma aos erros crassos desse grupelho que sofre da sindrome da dilapidação, que são alienígenas ao Rio Grande do Norte.
Silvestre Cabral - Igreja Batista do Satélite
Mauro disse…
Daniel,
Comentário sobre a questão do colégio batista de natal, de Mauro L. Alexandre, membro da PIB-Natal, em 11/01/12.
Se não há espírito de harmonia nesse "negócio", o correto como cristãos é discutir e aprofundar mais essa questão. Por que tanta pressa? Se a coisa é transparente, que se revele tudo detalhe por detalhe, diante de muitos aspectos equivocados que foram identificados. Portanto devemos respeitar as opiniões "contrárias" à venda. Se for transparente, vamos discutir mais, vamos deixar os outros falarem e serem ouvidos.

O que parece é haver uma PRESSA azafamada em se vender um patrimônio que é de todos, da coletividade batista. O fato de haver liderança à frente, reconhecidamente legítima e eleita em assembléia, não lhe dá o direito de ter melhor opinião do que os outros membros sejam quem for. Até o mais humilde deve ser considerado, ter voz.

Não podemos esquecer dá perda histórica à época do valioso terreno comprado pelos missionários batistas com oferta de irmãos americanos, onde hoje é o prédio chácara 402 na avenida Deodoro. Perdeu-se um lugar privilegiado, centro da cidade, área nobre, bem mais do que o atual da PIB Natal.

E ainda o terreno do Acampamento Batista de Ponta Negra, que até hoje não se entendeu bem o que aconteceu. O que se escuta (nos bastidores, não de fala publicamente até por respeito e perdão cristão a todos) é sempre negativo. Será que vamos ter a terceira perda!

Assim será com o colégio batista, área nobre, uma das melhores localizações. O que se dirá depois! Trocar a localização do Colégio Batista Ponta Negra, não tem nem comparação, é óbvio e ululante que o Batista é privilediadíssimo, não se troca por nada.

Para lá tem acesso por todos os lados, por grandes artérias urbanas, é próximo aos grandes bairros da cidade, o centro e alecrim, e o tirol, com importante avenida Jaguarari que liga a zona sul à zona central. Além do acesso pela Régulo Tinoco que vem da rua São José, que hoje está ligada à importante artéria da Salgado Filho, pelo bairro da Candelária, rua ampla, larga, de fácil localização.
Ponta negra já está inviável hoje, imagine-se daqui a alguns anos, cada vez mais será difícil o acesso, tumultuado e distante, comparativamente ao barro vermelho. Esse argumento da localização não tem nem o que discutir, qualquer um percebe a abissal diferença.
Vamos, portanto, aproveitar a oportunidade para exercer a humildade cristã de trazer o assunto à discussão. Seria um ato de grandeza por parte da liderança que está encaminhando a questão neste momento. Não dá como voto vencido e acabou. Todos somos humanos e podemos ter errar em algum aspecto. Quem está falando, se posicionando em contrário à venda, é consciente de que queremos o melhor para toda a denominação. Mauro L. Alexandre, membro da PIB/NATAL.