Em entrevista ao Correio da Bahia, secretário de segurança fala sobre escutas que flagraram líder dos PMs grevistas

O secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, falou ao CORREIO sobre as escutas que flagraram o líder dos PMs grevistas, Marco Prisco, ordenando atos para aterrorizar a população.

Como foram feitas as gravações?
Desde os primeiros dias de greve, conseguimos com a autorização da Justiça interceptar alguns números e conseguimos identificar que boa parte das ações criminosas vinha do comando deste mesmo grupo que conseguiu deflagrar o movimento grevista. Para a gente, foi uma confirmação do que nós já sabíamos.  99% dos nossos policiais militares não aderiram de forma agressiva ao movimento paredista. Mas temos também que atribuir a responsabilidade criminal a essas pessoas que praticaram estes atos.

Há então a confirmação de que se trata de um movimento orquestrado com policiais de outros estados?
Sim, é um movimento nacional, que começou no Ceará, Maranhão e Rondônia, veio para a Bahia e da Bahia a próxima greve a ser deflagrada seria no Rio de Janeiro. A intenção é fazer uma pressão em cima dos governadores, em cima dos nossos parlamentares, para que este movimento paredista seja suspenso com a promessa de aprovação da PEC 300. Então nós já temos isso documentado através das nossas interceptações telefônicas. É um movimento que está muito mais a nível nacional do que nós imaginávamos.

As gravações apontam também para  ações de vandalismo. Para o governo
baiano há a certeza de que se tratam de integrantes deste grupo?
Não há dúvida. Temos algumas interceptações em que logo após a algumas ordens tivemos ações criminosas sendo praticadas. Essas ações nós já temos como atribuir as responsabilidades, deste grupo mais radical, que foi o que deflagrou o movimento. Nossa intenção é apurar cada um dos delitos, principalmente os homicídios relacionados aos moradores de rua, que nós sabemos também que têm participação de pessoas que aderiram ao movimento. É muito importante agora o trabalho da polícia judiciária, da área investigava.

Eles usam códigos como uma tal feijoada, a polícia já sabe do que se trata?
Eles falam para que eles se dirijam para o local da feijoada, o que para a Secretaria da Segurança Pública está muito claro que é o local onde vão praticar uma ação criminosa. Geralmente eles utilizam códigos para omitir ações  e logo após essa ordem um ônibus escolar foi esvaziado em Lauro de Freitas e incendiado.

Já há como identificar os autores da morte dos cinco moradores de rua?
Nossas investigações estão bem adiantadas e temos através de testemunhas a identificação de PMs  envolvidos com esses crimes, principalmente os praticados na Boca do Rio com os moradores de rua.

Isso muda de alguma forma a estratégia de negociação com o movimento grevista?
A pauta econômica, no que se refere à demanda dos policiais, foi atendida. O  que impede a volta ao trabalho é a retirada dos 12 mandados de prisão. Agora cabe a Justiça determinar o destino criminal das pessoas que praticaram esses atos.

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