O dia em que a Globo desocupou a Assembleia Legislativa da BA

Ontem à noite o Jornal Nacional expôs o que parte da militância na Internet já dizia há dias: o movimento da greve da PM da Bahia está mais para o banditismo que para reinvidicação trabalhista.
A greve foi deflagrada a poucos dias do Carnaval e quando o governador Jaques Wagner estava fora do país com o claro objetivo de fragilizar-lhe a posição ainda mais. Ocuparam por dez dias a Assembleia Legislativa (diga-se um justo meio de pressão e luta) e são suspeitos de protagonizar vandalismos e crimes em todo estado.
Aqui entra a edição do Jornal Nacional de ontem. Áudios de interceptações telefônicas autorizadas pela justiça mostraram a articulação dos grevistas para acabar com o Carnaval, não apenas em Salvador, como também em São Paulo e Rio de Janeiro. Mostraram também o líder dos grevistas, Marcos Prisco, articulando atos de vandalismo - queimar uma viatura e duas carretas. Essa gravação foi mostrada após outra em que Prisco dizia a uma rádio que os policiais não seriam responsáveis por quaisquer atos violentos.
Os apoiadores da greve diminuíram após isso. A Assembleia Legislativa está sendo desocupada e Prisco deve se entregar. Justo que seja preso - como eu disse ontem no twitter: o que impediria alguém de propor um golpe se houvesse uma mobilização nacional de tropas armadas nos moldes do que ocorreu na Bahia?
Os poucos apoiadores que sobraram na minha timeline do twitter, maior parte psolistas e policiais militares, criticaram a militância que "comprou" a história, supostamente "armada", da Globo contra o movimento. Não sejamos ingênuos. Penso que três coisas devem ser ditas aqui.
A primeira delas é que o que a Globo mostrou, parte da militância tem defendido e mostrado há dias. Neste blog mesmo há textos postados no
fim de semana sobre a suspeita da participação de grevistas em assassinatos. Ou seja, mais uma vez a Globo veio à reboque do que se expunha por aqui há dias.
E fez isso, essa é a segunda coisa, porque optou em não brigar com os fatos jornalísticos: as gravações estão lá e são claras (mesmo que a gente não saiba, por exemplo, quem é o deputado federal (?) que conversa com os grevistas sobre a PEC300). Liberaram áudios sigilosos para a imprensa. Isso é claramente uma estratégia para jogar a opinião pública ainda mais contra o movimento. A Globo operou essa estratégia. Mas nada disso muda o fato jornalístico. O primeiro efeito imediato foi a rendição de Prisco e a desocupação da ALBA.
Por fim, e essa é a terceira coisa a ser dita, é evidente que a Globo assumiu este papel quando viu seus interesses ameaçados: as festas carnavalescas de São Paulo e do Rio de Janeiro estavam sob ameaça de um movimento nacional de policiais militares. É imperativo, assim, acabar com o motim o mais cedo possível.
Pois é: esse é o dia em que a Globo desocupou a Assembleia Legislativa. E a gente vai ter que engolir isso.

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