#Pinheirinho: Prefeitura admite manutenção de campos de concentração por mais tempo

http://www.ovale.com.br/regi-o/prefeitura-ja-admite-manter-abrigos-por-prazo-indefinido-1.217368

A Prefeitura de São José já admite manter parte dos ex-moradores do Pinheirinho em abrigos municipais por tempo indeterminado em razão da dificuldade que os desalojados enfrentam para alugar casas com o dinheiro do auxílio-moradia.
A meta inicial do governo era concluir até a última segunda-feira a transferência de todas as famílias abrigadas para casas alugadas ou de familiares, mas pelo menos 200 ainda estão nos ginásios do Morumbi, Vale do Sol e Dom Pedro 2º.
E, apesar da dificuldade apontada pelas famílias, a prefeitura fez um balanço positivo dos trabalhos.
"Estimamos que 85% das famílias já estão em casas alugadas ou na casa de parentes. E isso foi feito em grande velocidade", disse o secretário de Desenvolvimento Social, João Francisco de Sawaya de Lima, o Kiko. 
Segundo ele, as famílias serão abrigadas nos ginásios públicos "até quando for necessário".

Desativação. Ontem, o primeiro dos quatro abrigos improvisados pela prefeitura foi desativado. 
Ao todo, 43 famílias que estavam na escola Dom Pedro de Alcantara, conhecida como Caic Dom Pedro, foram transferidas para outros abrigos ou para a casa de parentes.
"Eles queriam que saíssemos do abrigo de qualquer jeito. Mas eu não vou para outro abrigo. Não aguento mais viver dessa forma. Vou dormir no quintal na casa de familiares", disse Josefa Adevina da Silva, 42 anos.
A última família a deixar o Caic seguiu rumo ao abrigo do ginásio Ubiratan Maciel, no Dom Pedro. No local, estão cerca de 50 famílias.
Por volta das 16h30, o auxiliar de serviços gerais Luiz Alberto Ferreira Nunes, 27 anos, e a cuidadora de idosos Rafaela Araújo de Lima, 26 anos, se juntaram aos abrigados.
Para garantir um pouco de privacidade, usaram colchões como paredes. O casal, que tem dois filhos, reclamou da demora na liberação do aluguel social. "Perdemos tudo, até o enxoval do nosso bebê. Nossas duas filhas pequenas estão com os avós, porque não podemos deixa-las viver dessa maneira", disse Rafaela, grávida de quatro meses.
"Aqui é nosso novo lar até entramos em uma casa. Já levei toda a documentação necessária e o cheque ainda não saiu", disse Nunes.

Cheques. Segundo balanço do governo, 750 cheques do aluguel social e do auxílio-mudança, no valor de R$ 1.000, já foram distribuídos. A estimativa é que sejam entregues 1.250 cheques. A prioridade é atender as famílias dos abrigos.
Ao todo, governo do Estado e prefeitura irão investir nesse primeiro mês do benefício R$ 1,250 milhão. A liberação da próxima parcela está prevista para o dia 28. 
Kiko afirmou que muitas famílias ainda permanecem nos abrigos para antecipar o recebimento do aluguel social. 
"Muita gente voltou para o abrigo para ter prioridade no aluguel social. Mas, estamos repassando os cheques também para quem está na casa de parentes e amigos", disse.
De acordo com ele, 960 famílias cadastradas foram identificadas no cadastro oficial da prefeitura realizado em julho de 2010 no Pinheirinho. Segundo ele, "a maior parte" das 290 famílias restantes comprovou que vivia no Pinheirinho por meio de outros cadastros.


O ALUGUEL SOCIAL

Beneficio
Auxílio
Estão sendo distribuídos cheques no valor de R$ 1.000 (R$ 500 de aluguel social e uma parcela única de R$ 500 de auxílio mudança) às famílias sem teto do Pinheirinho

Regras
Critérios
Serão beneficiados ex moradores do Pinheirinho com renda de até três salários mínimos. 

Balanço
Atendimento 
Até ontem, já haviam sido liberados 750 cheques. Ao todo serão liberados 1250 cheques


Alojamento do Morumbi tem até minifavela
São José dos Campos

A situação dos abrigos improvisados pela prefeitura para acolher as famílias sem-teto do Pinheirinho continua precária. A falta de ventilação, a sujeira e o excesso de calor tornam o ambiente insalubre e o mau cheiro predomina.
O caso mais crítico é do ginásio do Jardim Morumbi. Lá é possível encontrar animais e restos de comida por toda a parte. 
A superlotação do espaço fez com que famílias se abrigassem no centro comunitário, na pista de malha e em barracos no campo de futebol.
No local, três bebedouros de água ficam sob o sol. E os sem teto reclamam de coisas simples, como a falta de água gelada, suco e frutas.
"É uma sujeira e falta higiene. Dos três chuveiros, um está queimado", disse a desempregada Cristina dos Anjos, 30 anos. Sua maior preocupação é com a filha de 11 anos.

Sensibilidade. Líder do movimento sem-teto, Valdir Martins, o Marron, voltou a criticar a "falta de sensibilidade" da prefeitura e seu "despreparo" no acolhimento das famílias.
Ele condenou a demora em uma solução definitiva para os desabrigados.
"Com certeza é melhor uma casa alugada do que um ambiente insalubre e sem privacidade, mas isso não resolve a situação das famílias, que precisam de uma casa", disse.

Comentários