Pão e circo na CEI dos Contratos

por Carlos A. Barbosa 

Quando um colegiado é formado para investigar denúncias de irregularidades e seu próprio presidente, no caso a presidente, vota contrário ao relatório final, algo de errado aconteceu. Pois foi isso que ocorreu com a Comissão Especial de Investigação instalado na Câmara Municipal de Natal para apurar possíveis irregularidades cometidas pela administração Micarla de Sousa em locação de imóveis.

A vereadora Júlia Arruda (PSB), presidente da Comissão, votou contra o relatório do colega e correligionário Bispo Francisco, autor do documento que apesar de solicitar a apuração das responsabilidades civil, criminal e administrativo ao Ministério Público, não nominou os responsáveis e foi omisso em alguns pontos relacionados a contratos investigados e irregulares.

Portanto, o relatório final da CEI dos Contratos que teve 17 votos favoráveis e quatro contrários, ficou, digamos, capenga. Tudo para "satisfazer" a oposição e, claro, a prefeita Micarla de Sousa. Tanto que o documento foi motivo de elogios por parte de quase todos os edis.

Pão e circo é como melhor se pode definir essa CEI dos Contratos. A propósito,  alguém aí se lembra de alguma Comissão Especial de Investigação  na Câmara Municipal de Natal, que tenha dado algum resultado prático? Sou jornalista há mais de 25 anos e nunca vi qualquer CEI ter dado resultado. O máximo que serve é para holofotes. Tanto de vereadores de oposição quanto de situação.

Sim, ia esquecendo. As famosas claques também servem para sustentar o noticiário sedento de escândalos. No mais, todos já sabíamos que a tal CEI dos Contratos, que apurou denúncias de irregularidades na gestão Micarla de Sousa não iria dar em nada. A começar pelo relatório pífio,  pois que não deu nomes aos bois que cometeram as irregularidades. Estou calejado nisso.

Mas mesmo a CEI dos Contratos acabando em pão e circo, é bom ressaltar que tramita no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte desde janeiro processo onde o Ministério Público Estadual solicita que sejam bloqueados os bens da prefeita Micarla de Sousa (PV), do empresário e hoteleiro Haroldo Azevedo, do gerente da A. Azevedo Hotéis e Turismo, Carlos Frederico de Carvalho, e dos ex-secretários de Educação, Adriana Trindade, e de Saúde, Ana Tânia Sampaio.

O pedido de limitar foi feito com base no questionamento jurídico sobre o contrato da prefeitura com a empresa A. Azevedo Hotéis e Turismo, proprietária do Novo Hotel, onde a prefeitura alugou salas para instalar as duas pastas.

A liminar aguarda agora decisão do desembargador Cláudio Santos, relator do processo. O pleito de indisponibilidade de bens do MP contempla também bloqueio de contas bancárias dos envolvidos. A conferir!

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