Operação Sinal Fechado no Vi o Mundo: Quem é o advogado de Gilmar da Montana?

http://www.viomundo.com.br/denuncias/dantas-dantas-lemos-afinal-quem-e-o-advogado-de-gilmar-da-montana.html

por Daniel Dantas Lemos, desde Natal (RN), no seu blog

O Jornal de Hoje (JH), veículo diário de imprensa em Natal, em sua edição de ontem, publicou mais uma defesa do senador José Agripino Maia (DEM-RN), para tentar desqualificar o depoimento prestado por Gilmar da Montana ao Ministério Público em 24 de novembro de 2011, logo após ser preso em casa na Operação Sinal Fechado.

No depoimento vazado recentemente, Montana diz ter sabido do repasse de R$ 1 milhão para as campanhas de José Agripino e Rosalba Ciarlini por parte da quadrilha no Rio Grande do Norte.

Na nova matéria, algumas coisas chamam a atenção em comparação ao texto distribuído pela assessoria de imprensa do senador José Agripino no fim da semana passada. Em primeiro lugar, t rata-se de um advogado diferente daquele cuja entrevista foi publicada na Tribuna do Norte. A Tribuna publicou entrevista com José Luiz C. de Lima. Já o JH entrevistou Arsênio Pimentel.

Lima não atacou o MP mas alegou que:

1) Gilmar foi levado do hospital para prestar depoimento, estando, pois, medicado;

2) O depoimento teria sido prestado sem assistência de advogado;

3) Gilmar teria negado em novo depoimento o teor do primeiro.

Acontece que Gilmar foi preso em casa na manhã do dia 24 de novembro e levado imediatamente ao MP para prestar depoimento. Depoimento esse acompanhado pela advogada Claudia Cappi. Além disso, quatro dias depois de preso e após ter sido internado, Gilmar foi conduzido para novo depoimento, no qual permaneceu em silêncio – não desmentiu o depoimento anterior.

Diante das incoerências dessa defesa inicial, um outro advogado — Arsênio Pimentel – foi acionado para dar a entrevista ao JH. E as coisas parecem um tanto mais confusas. Arsênio Pimentel ataca o Ministério Público de várias formas:

1) Diz que Gilmar recebeu promessa de delação premiada para dizer o que disse (então, o que disse é verdade?);

2) Afirma que se fosse levado a sério o depoimento de Gilmar, o caso teria saído da Vara Criminal e sido encaminhado para o "STJ ou STF" (então não é real o que ele disse? Estou confuso agora. De todo modo, o foro do senador seria o STF, não o STJ).

3) Pimentel afirma que Gilmar apenas assinou o que foi escrito pelo MP, não correspondendo ao que ele disse: "Não há delação premiada. Porque tudo o que Gilmar 'falou' o Ministério Público já sabia. Falou o quê? Porque tem um texto escrito e a assinatura de Gilmar embaixo. Aí ele 'falou'. Não! Gilmar apenas assinou um papel". Esse confuso relato me fez lembrar um depoimento dado sob tortura. Será que o advogado está insinuando que os promotores que colheram o depoimento torturaram o réu?

4) O advogado desconsidera o depoimento de seu cliente pelo fato de as investigações terem indicado agentes com prerrogativa de foro, como governadora, senador e desembargadores, mas o inquérito permaneceu na 6a Vara Criminal. No entanto, o próprio Ministério Público já esclareceu em diversos momentos que repassou todos os indícios que envolvem pessoas com prerrogativa para as devidas instâncias – sem prejuízo da continuidade das investigações.

Mais interessante é que nas novas declarações surgiu o nome do remédio supostamente tomado por Gilmar (Frontal), não se fala mais em depoimento sem acompanhamento de advogada nem se insinua que Gilmar teria sido levado do hospital para prestar depoimento. Ou seja: mudança de advogado e de alegações. É de se esperar que mude novamente.

José Luiz e Arsênio não constam como advogados de Gilmar

Quem afinal advoga para Gilmar da Montana? José Luiz C. de Lima ou Arsênio Pimentel? Basta olhar o processo de José Gilmar de Carvalho Lopes – o Gilmar da Montana -, para saber quem são os advogados habilitados:






Para minha surpresa, segundo consta no site do Tribunal de Justiça em pesquisa referente ao processo 0135747-04.2011.8.20.0001, relativo à Operação Sinal Fechado, nem Lima nem Pimentel defendem Gilmar no caso.

Porém, maior surpresa eu tive quando percebi que todos os denunciados, exceto Eliane Beraldo, são representados pelos mesmos advogados (Caio Graco Pereira de Paula e Laplace Rosado Coelho Neto) – apesar de alguns terem outros representantes além dos dois (caso de João Faustino, que também tem Alexandre de Morais como advogado – aquele na conta de quem João depositou R$ 20 mil e que foi o supersecretário de Kassab, responsável inclusive pela área de inspeção veicular).

Ainda vale destacar um outro fato. Em 2 de dezembro passado, Gilmar da Montana conseguiu um habeas corpus no STJ e saiu da cadeia em que se encontrava desde 24 de novembro. Segundo o jornalista Túlio Lemos em nota de seu blog, o advogado de Gilmar foi Márcio Thomaz Bastos. Afinal, quem advoga em favor de Gilmar?

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