Operação Sinal Fechado: George Olímpio deu R$ 100 mil a Osvaldo Cruz

Em abril de 2011, o desembargador Saraiva Sobrinho remeteu um agravo que o Consórcio Inspar apresentou ao TJ, alegando interesse federal na questão da inspeção veicular - a partir de um parecer do Ibama comprado ao técnico, por George Olímpio, no valor de R$ 100 mil.
Naquela mesma semana, uma conversa entre Alcides Barbosa e Marcos Doninelli, guru gaúcho responsável por "trabalhos espirituais"em favor de George e Marcus Vinícius Furtado (antes, Micarla e Miguel Weber foram seus clientes), foi interceptada pela investigação em curso pelo ministério público.  Essa conversa é esclarecedora de todo o esquema, já que os interlocutores fazem uma espécie de resumo de todos os fatos relacionados à organização liderada por George Olímpio.
Em seu depoimento em colaboração premiada, Alcides Barbosa explica que queria vender suas cotas do Consórcio Inspar porque contava com os R$ 600 mil do negócio para quitar dívidas.
Na conversa com Doninelli, Alcides diz em tom de ameaça que, se George não lhe der dinheiro, o agravo concedido no TJ por Saraiva vai sair pela culatra, porque participou da reunião na sala do desembargador e sabe o que aconteceu por lá. Ele ameaça, na gravação abrir o jogo e dizer que "desembargador tal levou bola".
Alcides esclarece a história e diz de que desembargador falava.
Estando em Natal na luta para reverter o cenário negativo em que se encontrava o negócio da inspeção veicular, Alcides acompanhou um grupo, liderado por Gilmar e George, em visitas a desembargadores no TJ.  Segundo Alcides, quatro desembargadores foram visitados.  No TJ, o paulista não acompanhou a ida aos gabinetes para evitar constrangimentos.  Foram três, dos quais ele identifica dois: Saraiva Sobrinho e Expedito Ferreira.  De lá, foram ao apartamento de Osvaldo Cruz.
Na saída do apartamento, George comenta que se a questão dependesse de Osvaldo, era tranquilo, uma vez que George já dera R$ 100 mil para o desembargador.  
Esse fato combina com a conversa travada entre Gilmar e George no dia em que foi anunciado o cancelamento do contrato de inspeção pelo governo, em 9 de fevereiro de 2011.  Enquanto George viajava para Brasília, para se encontrar com José Agripino e José Delgado, Gilmar diz que Osvaldo o chamou para uma conversa.
Não deve ser à-toa, então, que um circo de horrores se montou esta semana, poucos dias antes do julgamento de Osvaldo Cruz e Rafael Godeiro no CNJ, que ocorre na segunda-feira.  A Procuradoria-Geral do Estado instigou um bancário preso na Operação Judas, que tem o filho de Armando Holanda como advogado, a processar o MP, que reagiu com uma nota dura contra o PGE.  O mesmo PGE publicou texto questionando o instituto da delação ou colaboração premiada.  No fim da semana a defesa de Osvaldo Cruz questiona a integridade das provas contra seu cliente na Operação Judas com base em um laudo grafotécnico feito sobre uma xerox.
As provas e indícios contra Osvaldo - mas não somente contra Osvaldo, como também Rafael, Expedito e Saraiva se avolumam.  É melhor tentar desqualificar tudo e jogar a opinião pública contra o Ministério Público para evitar que as investigações cheguem a bom termo.
E ninguém fala mais - ou questiona - os cheques pagos a José Agripino...  Muito menos a confirmação tácita feita por Cassiano Arruda a este blogueiro acerca dos trechos da delação de Alcides que referem o jornalista - inclusive de que este sabia que José Agripino recebera doação de R$ 1 milhão de George para defender os interesses do Inspar.

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