Operação Sinal Fechado: A suposta negação de Gilmar da Montana

Sinto que o senador José Agripino (DEM) e seus defensores na imprensa local andam meio desnorteados. Explico.
Além do que falei em post anterior sobre o mico a que se expôs Roberto Guedes em seu blog no Portal NoMinuto, leio vários textos que reproduzem a fala de defesa de Agripino. O senador se resume a dizer que a denúncia de Alcides Barbosa requenta uma denúncia antiga, já desmentida por Gilmar da Montana.
Argumento extremamente frágil, que se mantém pela boa vontade ou pelo grito.
Em primeiro lugar, Agripino não poderia dizer, nem a imprensa repetir, que se trata da mesma denúncia requentada. Gilmar, ao ser preso, confirmou que ouvira de George que doara R$ 1 milhão à campanha do senador e que a negociação ocorrera no "sótão" do apartamento de Agripino. Alcides não ouviu de ninguém. Ele estava lá. Não é uma história requentada: é uma outra testemunha que conta a mesma história, com a vantagem de que, desta vez, há mais detalhes uma vez que ele estava presente.
O segundo problema da defesa de Agripino eu já apontei no blog no mês passado. Um advogado apareceu dizendo que Gilmar deu o depoimento sob forte emoção, saindo da prisão e medicado. Facilmente desmentido, uma vez que Gilmar foi levado de casa para o MP, onde prestou o depoimento, no dia da Operação, 24 de novembro. Mas, ainda que estivesse sob efeito de medicação, que eu saiba remédio não faz a gente inventar una história - faz a gente dizer o que não devia.
Depois, um outro advogado apareceu e esqueceu o que o colega dissera sobre os remédios - mas afirmou que Gilmar negara em novo depoimento o teor do primeiro. Arsênio Pimentel atacou o MP em entrevista ao Jornal de Hoje. Engraçado porque eu tenho uma petição encaminhada no dia 25 de novembro - um dia depois da prisão de Gilmar - em que é pedido um Habeas Corpus cujo foco do argumento é a colaboração de Gilmar no curso das investigações e por ocasião do depoimento prestado na véspera, em que relatou o que sabia sobre o caso. E elogiou a atuação do Ministério Público.
O maior problema dessa versão é que Gilmar da Montana prestou apenas dois depoimentos. No primeiro, afirmou o que José Agripino luta para negar. No segundo, poucos dias depois, ficou em silêncio. Não negou o que dissera antes.
O laço que enreda Agripino neste escândalo de corrupção é cada vez mais intenso. E a delação de Alcides Barbosa apenas reforça isso.

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