Operação Assepsia: Henrique Alves e Garibaldi Filho envolvidos nas fraudes?

Há um personagem que ainda não pude identificar bem nos documentos da Operação Assepsia.  Ele se chama Cláudio Varela da Fonseca.  Foi flagrado em conversas com Risiely Lunkes.  Além disso, em seu favor aparece um depósito no valor de R$ 6.300,00 feito pela Salute Sociale, uma das empresas do esquema, de Tufi Meres.
O que fica claro sobre Cláudio?
Em primeiro lugar, sua forte ligação com o PMDB.  Cláudio se transferiu para Brasília, aparentemente para ocupar cargo de comissão no Ministério da Previdência. Pelo contexto - ele diz a Risiely que está "com o presidente"- imaginei se tratar de função no INSS (ou o presidente é outro personagem, como Temer ou mesmo Garibaldi, ex-presidente do Senado?).
O outro aspecto que se destaca sobre Cláudio diz respeito ao que ele parece indicar sobre os papéis de Henrique Alves, Garibaldi, como também sobre possíveis fraudes em Parnamirim e na Paraíba - assim como os indícios da negociação nada republicana que levou a Associação Marca a administração do Hospital da Mulher em Mossoró ao custo de R$ 16 milhões do governo do estado do Rio Grande do Norte.
Cláudio quer oferecer negócios à Tufi Meres e por isso faz contato com Risiely.  A primeira conversa interceptada é de 3 de julho de 2011:

Um olhar mais atento a essa conversa é elucidativo - ou, no mínimo, gera perguntas esclarecedoras.
O pessoal de Tufi havia escrito para Cláudio dizendo que "estavam 'encerrando as coisas' com ele (Cláudio) e que não iriam mais investir".  Investir em quê? Aparentemente Cláudio pretendia montar o esquema fraudulento de uso de OS, como a Associação Marca, no município de Parnamirim.  Em virtude da negativa de Tufi, Cláudio sugere que ele e o casal (Risiely e Jonei) poderiam assumir o negócio.   Risiely dispensa em virtude de já estar em aviso prévio e pronta para retornar a seu estado de origem, Santa Catarina.
"O negócio é complicado porque tem que ter a entidade", diz Risiely Lunkes.  Cláudio quer saber se Risiely e Jonei não poderiam indicar uma entidade para realizar o negócio.  Risiely confirma mas todos estão com medo naquele momento por que estão "ferrando as OS's".
Segundo Cláudio, "essas coisas todas aconteceram porque o Tufi... ele negociou isso tudo no abate; ele negociou com o secretário e talvez com a 'mulher da prefeita'... ele falou com pessoas que não conseguiram blindar e nem sabiam como se blindar com relação a esse mercado".
Pausa.
A pergunta evidente que resta ao lermos esse trecho é quem seria a "mulher da prefeita"e o que significaria essa expressão.  Talvez se refira a alguém da gestão municipal da saúde que fosse pessoa da confiança mais estrita da prefeita Micarla de Sousa - de mais confiança que o próprio secretário.  No início da gestão sei de pelo menos uma mulher assim em cargo comissionado da SMS.
Na sequência, Claudio insinua que alguém como o deputado Henrique Alves poderia dar a garantia do negócio que até então faltara.  Aliás, Cláudio diz, explicitamente, que "já falou com o deputado", que indidicará alguém para ajudar a abrir o mercado da Paraíba para o esquema fraudulento das OS's.
Na conversa, ele e Rosiely deixam claro que esperam a decisão de Tufi sobre a Paraíba para irem em busca de outra empresa que pudesse implantar ali o modelo.  Tufi receia não ter pernas para tocar o negócio em tantas frentes ao mesmo tempo.
E conversam também sobre as negociações com a Secretaria de Saúde do estado: "Até o Governo está devagar demais; Domício [Arruda] tá muito devagar".  Em pouco tempo, o Hospital da Mulher, administrado pela Associação Marca a troco de R$ 16 milhões, foi inaugurado em Mossoró.

A segunda conversa citada na petição inicial do MP ocorre em 14 de outubro de 2011.  Dessa vez, Cláudio já está morando em Brasília e Tufi já informou não ter interesse.  O negócio de OS a ser aberto é em Parnamirim e Cláudio pede ajuda para encontrar uma entidade para ser parceira.  Risiely cita algumas empresas, entre as quais a Pro-Saúde com quem as conversas de Cláudio avançam, segundo se depreende de outra ligação interceptada alguns dias depois, em 21 de outubro.  Cláudio praticamente se oferece como facilitador de tráfico de influência, pela proximidade com os poderosos em Brasília.
Cláudio apresenta a possibilidade de usufruir de sua posição e dos relacionamentos que mantém, especialmente no que se refere ao que ele chama de "presidente dos prefeitos do Brasil", para realizar o negócio das OS's nos mais diversos municípios do país - "eles estão cheios de demanda e começaria logo aí por Natal".
Além de sua ligação com Henrique Alves, Claúdio Fonseca relata a proximidade com o ministro Garibaldi Filho, a quem vai apresentar software de gerenciamento chamado PREVIC e que também será oferecido aos prefeitos.
O que eu não entendo desse trecho das conversações é o relato de Cláudio Fonseca de sua agenda no Rio de Janeiro, que incluiu visita à Petrobras (em que setor e fazer o quê não está totalmente esclarecido) e às empresas de Tufi Meres.
No último telefonema, Cláudio garante a Rosiely que o negócio em Parnamirim avançou muito com o pessoal da Pró-saúde.  Cláudio diz que é muito amigo de Paulo Wagner, mas este não atende suas ligações, solicita números telefônicos.  No fim, até o telefone da prefeita Micarla de Sousa ele solicita.  Cláudio percebe que Risiely se confundiu e passou o número de assessora de Paulinho Freire.  "Pode ser melhor mesmo falar com ele", finaliza Risiely.

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