Operação Sinal Fechado: “Quem toca a prefeitura é Vagner Araújo”, disse Alcides Barbosa

Os prefeitos de Parnamirim, Maurício Marques (PDT), e de Natal, Micarla de Sousa (PV), são citados no depoimento dado por Alcides Barbosa ao Ministério Público do RN. A citação de ambos se relaciona ao negócio de construção de casas que Alcides pretendia iniciar no estado.

Alcides não esteve com Maurício Marques mas diz em seu depoimento que negociava a construção de casas com a prefeitura de Parnamirim através de um intermediário. Em determinado momento da negociação Alcides foi informado pelo intermediário que o prefeito pretendia ter a sua parte no negócio depois que as casas estivessem prontas e fossem comercializadas.

A prefeita Micarla de Sousa é citada também em virtude do negócio das casas. Alcides teve encontros com Micarla e com os secretários Vagner Araújo e Alcedo Borges. “Quem toca a prefeitura é Vagner Araújo”, disse Alcides ao Ministério Público.

Alcides esteve várias vezes com Micarla e Vagner tentando elaborar o projeto das casas. Micarla se interessou pelo projeto mas preferiu se encontrar com Barbosa em Brasília, porque em Natal ele estava muito marcado pelo relacionamento com George e a inspeção veicular.

Como foi feito o entendimento?

Pablo, arquiteto ligado a Iberê, chamou Alcides para um encontro no escritório dele. Estavam Alcedo Borges, secretário de Ação Social de Natal e o chefe da Casa Civil de Belém. Pablo fez o projeto. “Micarla conheceu o projeto e se apaixonou, mas disse que não conversaria sobre o assunto aqui em Natal”, disse Alcides.

Em Brasília, Alcides se encontrou com Micarla, Vagner Araujo e Alcedo Borges. Ficaram de discutir, mas a prefeita não tinha área para realizar o projeto. Micarla chegou a imaginar desapropriar uma área do município de Parnamirim para realizar o projeto - até que alguém lhe explicasse que a prefeitura de Natal não poderia construir em ou desapropriar uma área de outro município.

Alcides tentou envolver a construção das áreas comuns dos condomínios de casas com tecnologia de micropavimento asfáltico da Petrobras, em um projeto do governo federal que possibilitava a troca por royalties de petróleo, nas cidades que recebem, ou nas obras de mobilidade urbana das cidades-sede da Copa do Mundo.

Depois que o negócio das casas não prosperou, Alcides voltou a conversar com Vagner sobre o interesse de uma construtora de realizar obras de UPAs com tecnologia diferenciada.

Outro momento em que Micarla de Sousa é citada diz respeito ao papel de Marco Doninelli na organização de George Olímpio. Marco era o guru espiritual de George. Inclusive Alcides Barbosa esclarece que algumas conversas que Marco travou - e foram interceptadas - versavam sobre trabalhos espirituais que Doninelli fazia para George (com o uso de expressões como “tinha duas armadas” ali). Marco Doninelli atribuía o sucesso financeiro e empresarial de George Olímpio aos seus trabalhos espirituais.

Alcides esclarece, também, que percebeu, em vários momentos, que os assuntos que conversava com Marco terminavam sendo usados por esse para se valorizar diante de George Olímpio. Marco transformava as confidências de Alcides Barbosa em “visões” para George Olímpio.

O Ministério Público quis, então, saber qual a relação de George e Marco com Micarla de Sousa e seu marido, Miguel Weber. Alcides não sabe de nada, a não ser que, antes de trabalhar para George Olímpio - que lhe devia dinheiro -, Marco fazia trabalhos espirituais para Micarla. Confirmando um boato que corria na cidade há bastante tempo.

Micarla de Sousa, do alto de seus 91,44% de rejeição popular e como evangélica recém-convertida, podia explicar as relações que manteve com Alcides, George e com o líder espiritual Marco Doninelli. Esclareceria muita coisa.

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