Acusado de assédio, gerente da Petrobras é irmão de ministro do TST

No dia 05 de janeiro de 2012, véspera de feriado em Natal e último dia, antes das férias, de minha chefe, fui conversar com ela em sua sala na Petrobras.
Ao fim do papo, ela me disse que havia sido procurada por um representante da Assembleia Legislativa do RN.  O tal representante questionou meu blog e seus horários de postagem.  Associado a isso, dias antes um jornalista da cidade havia "denunciado" que uma investigação da Assembleia descobrira que um blog da cidade era atualizado desde uma "repartição pública federal".
Antes de deixar a Petrobras, jamais publiquei aqui o nome da empresa em que trabalhava ou qualquer notícia acerca dela.  Ainda assim, após tornar público a pressão que sofria através de meu trabalho, fui punido com um dia de suspensão - que posteriormente foi convertida em uma advertência por escrito.
Lembrei de recontar essa história hoje porque estive pensando em como é possível que a Petrobras aja com tanta força e tanto atropelo no meu caso, mas se permita inclusive perder ações na justiça mantendo um gerente assediador que se comporta verdadeiramente como feitor de seus empregados.  Um deles, já esteve no leito de uma UTI vítima de sua perseguição.
O que segura o gerente Luiz Antonio Pereira na sua função?
Talvez haja uma pista.
Luiz Antonio é irmão do ministro do TST, Emannoel Pereira.  Aparentemente, seu cargo foi obtido em negociação entre o governo federal e um dos padrinhos políticos de seu irmão, o deputado Henrique Alves (PMDB).
Aliás, vale lembrar a polêmica havida quando da nomeação do advogado Emannoel Campelo para o Conselho Nacional de Justiça.  Filho do ministro, Emanoel teve sua indicação questionada pela corregedora-geral do CNJ, Eliana Calmon.  Um dos fatos pitorescos sobre o jovem advogado é que, aos 31 anos, poderá julgar ministros de Tribunais Superiores, cuja idade mínima para ingresso é 35.
Mais grave, no entanto, são as suspeitas que pesam contra o ministro Emannoel Pereira.
Eliana Calmon pediu a abertura de investigação contra o ministro potiguar devido a indícios de que tenha mantido em seu gabinete, por sete meses, um servidor fantasma requisitado de forma irregular da Câmara dos Vereadores de Macaíba, no Rio Grande do Norte.
De acordo com o Ministério Público Federal, autor da petição ao CNJ, Francisco Pereira dos Santos Júnior constou do quadro de servidores comissionados do gabinete do ministro entre setembro de 2004 e março de 2005 sem que tenha, efetivamente, trabalhado em Brasília. A petição também dava conta de que Santos Júnior se passou por servidor da Câmara Municipal de Macaíba para que pudesse ser requisitado para trabalhar no gabinete de Emmanoel Pereira.
A ministra Eliana Calmon registrou que as investigações mostram que houve fraude na requisição. O servidor falsificou documentos da Câmara de Macaíba para conseguir a requisição. Além disso, a investigação feita pela Polícia Federal revelou, com a quebra dos sigilos bancário e telefônico do servidor, que nos sete meses em que deveria estar trabalhando em Brasília, ele não fez nenhuma ligação da capital da República. Todas vinham de Natal. Também disse que os saques do dinheiro dos salários que recebeu do TST eram feitos naquela cidade. “Todos os saques, mesmo efetuados sucessivamente em dias úteis, foram feitos em Natal. Nenhum em Brasília”, afirmou. Isso, para ela, é um forte indício de que Francisco dos Santos Júnior não trabalhou, de fato, no gabinete do ministro.
Apesar dos indícios, por 8 votos a 6 o CNJ decidiu não investigar o ministro e abriu caminho para que seu filho, apadrinhado de poderosos políticos potiguares - Henrique Alves (PMDB) adiante -, se tornasse membro do colegiado.  
Agora fica mais fácil entender porque o gerente Luiz Antonio é tão amplamente protegido, ainda que aja cada vez mais como um feitor explorando sua força de trabalho - o que tem representado, inclusive, prejuízo de imagem e financeiro à Petrobras.  Quando Luiz Antonio se tornou gerente era, também, diretor do Sindicato.  Além disso, dizia aos seus comandados que "não adiantava a ninguém ir à justiça do trabalho porque na condição de irmão do ministro do TST tinha a justiça nas mãos".
E a Petrobras? O que teria a dizer?
 



Comentários

Unknown disse…
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