Nós, cristãos de verdade, e a humanidade

O pastor Marco Feliciano me bloqueou no twitter. E não foi resultado de nenhuma crítica que eu tenha feito à seu discurso e posicionamentos homofóbicos.
Ontem uma pastora foi atacada por um mendigo com sinais de doença mental no Rio de Janeiro. Ela está, lamentavelmente, entre a vida e a morte.
Marco Feliciano se referiu ao agressor, que aparenta ser alguém com menos condições de discernir a realidade que a maior parte de nós, como "ser" e "ser demente". E ainda conseguiu juntar na mesma frase um "nós, cristãos de verdade" com a referência ao agressor como "ser".
Cristão de verdade não submete um ser humano à condição de não-pessoa.(Mas se ele já age assim no que se refere aos homossexuais, você pode argumentar. Pois é).
Questionei no fundamento da fé cristã e da compreensão cristã sobre o homem. Jesus nunca reduziu a humanidade de ninguém e nunca rebaixou qualquer homem no seu relacionamento. O ser humano sempre foi tratado como uma pessoa, um homem de verdade, alguém feito à imagem e semelhança de Deus. Ainda mais os doentes e abandonados à rua.
Jesus, segundo o relato dos evangelhos sinóticos, atravessou um lago revolto apenas para curar e libertar um desses "seres dementes"que vivia nu e acorrentado em um cemitério.  Pelo visto, Feliciano sequer os vê como dignos de atenção.
Por fim, Marco me chamou de "advogado do diabo". Porque disse que um ser humano, ainda mais doente, merece ser tratado como ser humano.
Marco Feliciano já andou no meu carro na eleição de 2010. E lembro que ele defendeu, conversando comigo, que em alguns casos não consegue ser contra o aborto - gravidez que resulte de estupro, por exemplo. Sua incoerência - ou seria hipocrisia? -, ainda vai custar-lhe caro.

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