"Tenho medo de morrer", diz jornalista que denunciou Taques

Estou republicando a matéria abaixo para deixar claro que se trata de um texto de outubro de 2011.


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O jornalista José Marcondes (Muvuca) disse hoje (24) ao RepórterMT que está com medo de morrer por conta da denúncia que fez, em artigo, contra o senador Pedro Taques, ao qual associou a uma suposta "máfia dos combustíveis". Eu recebi um telefonema hoje, de pessoa não identificada me ameaçando. "Cuidado com o que você fala, dizia".

Muvuca informou que já sofreu a primeira represália hoje, por conta da denúncia. "Houve uma ligação de Aldo Locatelli (presidente do Sindipetróleo) para me tirar do programa da Rádio Mega FM, no qual eu participo com Lino Rossi, o Chamada Geral", disse.

O jornalista contou que recebeu ligação de Rossi, no mesmo dia em que publicou o artigo, informando do afastamento. Para o jornalista, a represália configura, ainda mais, a relação por ele destacada em artigo - Clique e leia o artigo na íntegra - "Eu fui tirado do ar em função de uma opinião que emiti, mas não vão me calar, tudo o que eu sei, vou falar. Tudo o que aconteceu configura a ligação entre os dois [Aldo e Taques], porque eu fiz um artigo criticando o Taques e o Aldo Locatelli, que tem laços com o programa, mandou que me tirassem do ar", avaliou.

Muvuca argumenta que, no artigo, não cita nomes a não ser de Taques e, pela reação imediata que houve, diz temer pela vida. "O Juiz Leopoldino morreu fazendo o que eu fiz, ligando os pontos e fazendo associações, como a que liga a existência dessa relação de Taques, que "combate" a corrupção, com a máfia dos combustíveis. Agora o Taques quer me denunciar por calúnia e difamação e eu quero que ele explique o contrato que tem com o Locatelli", diz.

O jornalista disse que Taques possui, através de seu escritório, um contrato de R$ 1 milhão para defender o Sindipetróleo. "Quem financiou a campanha dele foram os chefões do combustível. Ele impediu a construção de outros modais de transporte para beneficiar os vendedores de combustíveis, que, só no ano passado, comercializaram mais de 800 milhões de litros em MT", contou.

"A primeira prova disso veio ontem, porque a ordem para me tirar [do rádio] veio de Locatelli. Depois tem esse contrato do escritório de Taques com o Sindicato. Não vão me calar, tenho outros nove artigos escritos e tenho medo de morrer sim, porque com o juiz Leopoldino foi assim, mas eu não tenho proteção. Hoje tiram minha voz, amanhã tiram minha vida. O Locatelli é o chefe de tudo isso", acusou.

Além da suposta ligação de Taques com a chamada máfia dos combustíveis, José Marcondes, acusou Taques de prevaricar enquanto promotor, no processo de extradição de Marcos Peralta, testemunha-chave no caso Leopoldino. "O processo estava na mesa dele e ele não fez o que devia e o Peralta foi morto numa queima de arquivo. Auro Ida (assassinado) já havia questionado isso", lembrou.

OUTRO LADO

Por meio de sua assessoria, o senador Pedro taques negou, na tarde de hoje, todas as acusaçõs do jornalista e disse que vai mover processo por injúria, calúnia e difamação contra Muvuca.

Confira nota: Em razão das denúncias infundadas contidas no artigo "A máfia de Pedro Taques", assinado pelo jornalista José Marcondes (Muvuca) e divulgado neste domingo em alguns sites de notícia, a assessoria de imprensa do senador Pedro Taques (PDT) informa que o parlamentar irá acionar o jornalista na Justiça por crime contra a honra. Senador e professor de Direito Constitucional, Taques defende a liberdade de imprensa e de opinião, porém, exercida com responsabilidade.

O senador destaca que nestes nove meses de mandato muitos foram os artigos de jornalistas com tom crítico em relação a sua atuação. Entretanto, conforme frisa o parlamentar, enquanto as críticas ficam no campo político a imprensa nada mais está a fazer que exercer seu direito Constitucional. Mas a partir do momento que lhe são atribuídas práticas ilícitas, como as que lhe foram dirigidas por José Marcondes, o senador tem o direito de buscar da Justiça uma retratação.

No referido artigo, José Marcondes tenta associar o senador Pedro Taques a uma suposta "máfia dos combustíveis", já que o pedetista recebeu recursos do setor de combustível na campanha eleitoral. As acusações do jornalista são infundadas, desconexas e servem a interesses políticos contrários ao do senador, visto que o jornalista não apresentou provas.

A prestação de contas de campanha do senador foi devidamente apresentada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), sem nenhuma irregularidade verificada e, mais importante, todos os doares e valores doados estão disponíveis e abertos a toda população.

Taques defende o direito não só dos jornalistas, mas de todo cidadão, de escrever contra autoridades políticas, porém acusações de supostos crimes devem ser embasadas com provas. "A liberdade de imprensa deve ser assegurada, defendo essa expressão da democracia. Não podemos impedir que ninguém se manifeste. Eu, como agente público, entendo que tenho minha intimidade relativizada e defendo o direito de qualquer cidadão escrever contra autoridade política. No entanto, também entendo que liberdade rima com responsabilidade e me reservo o direito de tomar providências na justiça", esclareceu Taques.

Conforme o advogado do senador, Paulo Taques, as ações judiciais serão impetradas hoje no fórum de Cuiabá, sendo as petições baseadas nos crimes contra a honra, notadamente injúria, calúnia e difamação.

Em qualquer lugar que visita, o senador faz questão de relembrar o valor de sua campanha. Ele arrecadou e gastou R$ 1,1 milhão, quatro vezes menos que os principais adversários.

Taques, inclusive, propôs um projeto de lei no Senado que aperfeiçoa a transparência nas doações de campanha. Conforme o projeto de lei do Senado (PLS) 601, disponível para consulta no site oficial no Senado, candidatos a cargos eletivos terão que divulgar a relação de doares de suas campanhas antes da eleição, bem como os valores doados. Pela legislação atual, o eleitor só fica sabendo quem são os financiadores de seus candidatos depois da eleição.

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