"Essa hipótese não existe. Se esse boato estiver rolando, é queimação", diz o ex-procurador-geral de justiça, Fernando Vasconcelos.
A fala de Fernando responde a meu questionamento sobre por qual partido o atual PGJ, Manoel Onofre Neto, seria candidato ao governo em 2014.
A ideia surgiu em texto publicado pelo jornalista Alex Medeiros. "Ele é o cara", é o título do texto. "A conversa sobre Onofre enfraquece o MP-RN porque vende a ideia de que a atuação da instituição tem um viés político. Tem o dedo de Robinson Farias", opina um outro membro do parquet em privado.
O texto dá a entender que a ação do PGJ é desconectada da atuação de todo o Ministério Público - quando, de verdade, por exemplo no que se refere à Operação Assepsia, o trabalho do Procurador-Geral foi concluir a investigação iniciada pelos promotores do Patrimônio Público.
Mais sério, no entanto, é insinuar intenções político-eleitorais na atuação do MP-RN. Transformaria toda a pressão e investigações contra corrupção em órgãos públicos em estratégia de fortalecimento político da figura individual de Onofre. Reforçaria, por sua vez, os discursos críticos contra o MP, relativizando as provas e evidências levantadas pelo órgão como sendo fruto de simples perseguição política. O objetivo do MP deixaria de ser a justiça e a moralidade pública e sim a simples política partidária. Desse modo, quem tiver rabo preso em corrupções diversas teria um discurso a priori de defesa: tudo não passa de estratégia eleitoral de um PGJ que quer ser governador.
Assim, é bom lembrar, que não apenas em torno do governo de Micarla circulam investigações de corrupção. O antigo diretor-geral do Detran, já na gestão Rosalba, Érico Ferreira, é réu na Operação Sinal Fechado. Na mesma operação outros agentes do governo estadual e do DEM foram envolvidos - ou a gente já esqueceu do milhão de José Agripino? Mesmo no âmbito da Operação Assepsia, há indícios de improbidade contra a governadora cada vez mais nítidos no caso do Hospital da Mulher em Mossoró. E investigar improbidade da governadora é tarefa do MP-RN.
Enfim, parece que são vários os desserviços de se apresentar o Procurador-Geral de Justiça como candidato ao governo do estado em 2014. Um dos mais sérios é construção de um discurso e posicionamento de defesa prévia em favor de todos os políticos sobre quem pode recair a lupa do MP e de Onofre.
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