97 anos de Djalma Maranhão

Por Alexandre de Albuquerque Maranhão
Publicado na Tribuna do Norte, em 22 de novembro

Quanta saudade de Djalma Maranhão! Se vivo estivesse, estaria completando 97 anos de idade neste 27 de novembro. Administrador competente e hábil homem público. Representou o Rio Grande do Norte como deputado estadual e federal com responsabilidade, ética e zelo pelo interesse público. Como prefeito da cidade do Natal implantou um vasto plano de obras atendendo as reivindicações da coletividade.

Homem de múltiplos talentos: professor de Educação Física do Colégio Ateneu; desportista; lutador de boxe; profundo conhecedor das tradições folclóricas e culturais do Brasil; jornalista, repórter e escritor; liderança hegemônica da esquerda política potiguar e excelente articulador com os grupos sociais de sua época.

Durante sua vida pública jamais foi encontrado qualquer indício de desvio de conduta, nenhum escândalo administrativo ou político. Nenhuma obra inacabada foi deixada enquanto esteve à frente da prefeitura (1956-1959 e 1960-1964), a não ser a extraordinária Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler, deflagrada em 23 de fevereiro de 1961 e interrompida drasticamente pela repressão do golpe militar de 1964.

Na sua época como gestor, a população de Natal deixou de ser objeto, para ser sujeito ativo e participativo da administração municipal. Havia um franco e sincero diálogo entre o prefeito e os moradores da cidade. Um respeito mútuo, uma parceria até hoje nunca vista na política local. Djalma Maranhão era um nacionalista de esquerda, um político popular, que não praticava a política populista, nem demagógica e muito menos assistencialista ou fisiológica.

Mesmo enfrentando problemas de déficit financeiro na prefeitura, ele conseguiu transformar a cidade de ruas de areia e argila em espaços asfaltados. Através da educação e a democratização da cultura modificou a vida dos moradores, principalmente dos mais pobres, com acesso à escola, ao esporte e o lazer. Não havia lugar para lamentações ou desculpas por conta da carência financeira. Havia compromisso, honestidade e vontade política de atender as necessidades da população.

O Rio Grande do Norte tem sido injusto com a figura histórica desse bravo e destemido homem público. Ele não recebeu as devidas homenagens que merece receber do povo que ele tanto amou e defendeu. A cidade do Natal que foi tão bem cuidada pelo então “prefeito do subúrbio”, hoje se encontra abandonada, maltratada e esquecida pela atual gestão municipal. É urgente que a nossa cidade se revista do espírito público de Djalma Maranhão para que possa sair do atual caos político e administrativo.

Djalma Maranhão rompeu com as práticas e técnicas atrasadas, tradicionais e conservadoras da classe política da época. Os orçamentos de 1961 e 1962 são dois bons exemplos: apresentavam cifras bastante deficitárias. Os déficits, entretanto, foram superados no decorrer dos exercícios, em consequência da implantação de uma política tributária inovadora, acompanhada de medidas concretas que possibilitaram sua efetivação. O Código Tributário do município, a organização do Cadastro Fiscal da prefeitura e o aumento da alíquota do Imposto de Indústrias e profissões impulsionaram o aumento de arrecadação do erário.

A cidade estava em constante transformação. Vários empreendimentos da prefeitura modificavam a paisagem local, o funcionalismo municipal sendo contemplado com até 60% de reajuste nos salários. A capacidade administrativa de Djalma Maranhão já o credenciava a ser o candidato da esquerda potiguar, ao governo do Estado.

Vivia-se o período compreendido entre os anos de 1960 a 1964, que fora marcado pelo processo de mobilização, reivindicação e participação popular e sindical. Esse crescimento político das forças populares, fez com que a burguesia nacional, se sentisse ameaçada. Temendo perder o controle do processo das reformas de base do presidente João Goulart, que estava em curso, instaurou com o apoio do governo e do imperialismo norte americano, junto com os militares em março de 1964, um regime excessivamente autoritário e repressivo. Retirando então, do cenário político as massas trabalhadoras e seus principais líderes e defensores.

No dia 2 de abril daquele ano, Djalma Maranhão foi deposto do cargo de prefeito e recolhido ao cárcere do 16º Regimento de Infantaria do Exército. A carreira brilhante e exemplar desse gestor público chegava ao seu fina

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