@estadao faz contorcionismo para reafirmar "apagão científico"de @miguelnicolelis

Eu ia reproduzir a matéria de hoje do Estadão sobre a produção do IINN-ELS. Mas, mesmo sem transformar torcida em matéria, não é possível. A matéria soa desonesta intelectualmente. E falo como pesquisador.
Em primeiro lugar, como foi intensamente dito ontem, o processo de publicação de um artigo científico não se dá da noite para o dia. Qualquer pesquisador minimamente envolvido com publicações sabe disso. Se houver algum que discorde dessa informação, pronuncie-se.
Desse modo, se contar publicações é a melhor maneira de medir a produtividade de um centro de pesquisas, no caso do IINN uma de duas coisas precisa ser feita.
Uma, a mais evidente, contar como publicações do Instituto artigos baseados em pesquisas feitas nos anos anteriores, mesmo por pesquisadores que romperam com ele. Essas pesquisas utilizaram laboratórios e financiamento do IINN. Seus papers, publicados no último ano e meio, representam a produtividade do Instituto.
Caso o jornalista insista em não tomar esses resultados em consideração, resta aguardar alguns anos para ver publicados os artigos resultantes das pesquisas que estão sendo feitas agora.
Essas pesquisas, aliás, costumam aparecer em congressos. Foram dezesseis nos últimos dezoito meses. Ainda assim, o repórter do Estadão fez um contorcionismo verbal para desqualificar: afirmou que não se sabe se serão, por fim, relevantes.
Quem já se arriscou a enviar proposta para congressos científicos de primeira linha sabe que os critérios de seleção são elevadíssimos. Podemos apostar, se os trabalhos foram selecionados, que eles ja foram considerados relevantes.
O Estadão se esforçou em manter a tese do "apagão científico" e, para isso, distorceu fatos.
Nicolelis é um alvo político do jornal. Há uma ação de avanço da direita brasileira sobre nomes e personalidades ligadas ao governo e ao ex-presidente Lula. O próprio jornal deu a senha quando destacou, entre outras coisas, o fato de Nicolelis ter assinado, anos atrás, um artigo ao lado de Lula e Haddad. Este ano, o neurocientista transferiu seu título para São Paulo, onde também tem residência, apenas para votar no ex-ministro da educação.
Está em curso uma operação de assassinato de reputação, que encontrou respaldo na classe política do RN que desde sempre tentou eliminar Miguel Nicolelis e no grupo de pesquisadores que com ele rompeu em 2011.
Alguém disse que o neurocientista é uma pessoa perigosa.
Claro que é. Sempre relembro trecho de uma entrevista que ele deu a Juca Kfouri tempos atrás quando destacou o questionamento que uma menininha, atendida pelo IINN, dirigiu a um político que prometia saneamento básico pela enéssima vez à comunidade. A menina calou o candidato lembrando que eleição após eleição ele fazia a mesma promessa, sem tê-la cumprido até então.
Por isso, Miguel Nicolelis e seu projeto são perigosos.

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