Para procurador em São Paulo, jornalista não deveria fazer perguntas sobre hipóteses

Na Folha de São Paulo

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Elias Rosa, disse ontem que não vê motivos para o Ministério Público investigar os grampos telefônicos feitos por central montada dentro da PM em Presidente Prudente (a 558 km de São Paulo).

A entidade que representa delegados de SP suspeita que possa ter havido interceptações irregulares, inclusive de policiais civis. O caso foi revelado ontem pela Folha.

Para o procurador-geral, que chefia o Ministério Público de SP, o fato de o Tribunal de Justiça ter arquivado a investigação sobre supostas autorizações judiciais irregulares de escutas é indicativo de não haver irregularidades.

"Diante dessa notícia, me parece que não [é possível investigar], porque o Poder Judiciário já teria investigado e arquivado", afirmou.

Para ele, há rigoroso controle das interceptações --inclusive pela Justiça-- e isso o deixa tranquilo. "A chance de haver abuso nessas interceptações é muita reduzida."

A central foi fechada após a posse de Fernando Grella Vieira como secretário da Segurança Pública, no lugar de Antonio Ferreira Pinto, que criou o grupo em 2006 quando era o secretário da Administração Penitenciária.

Ontem, a Adpesp (Associação dos Delegados de Polícia de SP) protocolou um pedido de abertura de inquérito sobre o caso. A Secretaria da Segurança Pública informou que o pedido será analisado.

Disse, no entanto, que "todo o trabalho de monitoramento feito com auxílio de policiais tem autorização judicial, não havendo, até então, indícios de irregularidades."

Jornalista

A possibilidade de haver jornalistas grampeados foi levantada ontem após Sandro Barbosa, repórter da TV Bandeirantes, publicar no Twitter que o seu telefone era monitorado por PMs.

Ele reafirmou a declaração à reportagem. Disse que ficou sabendo por um PM, que lhe mostrou a gravação de conversa entre ele e um desembargador do TJ-SP. Ele não registrou queixa sobre o caso.

O procurador-geral afirmou desconhecer o episódio, mas disse que, se ocorreu, é grave e deve ser investigado.

A resposta dele foi interrompida pelo procurador Arnaldo Hossepian, que, aos gritos, disse que o repórter da Folha fazia muitas indagações e havia outros jornalistas para perguntar.

Depois, ele procurou o repórter para dizer que a Folha não deveria fazer perguntas sobre hipóteses. Hossepian foi secretário-adjunto da Segurança Pública na gestão de Ferreira Pinto entre março de 2010 e novembro de 2011.

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