Polícia para quem: no Carnaval de Recife, cenas de violência policial

Uma jornalista que estava no Recife Antigo para comemorar o Carnaval na noite de sexta para sábado flagrou cenas inexplicáveis de violência policial.
Abaixo o seu relato e o vídeo em que registrou a ação policial:



Não sei o que ele fez...
Ontem fui ao Marco Zero para a abertura do Carnaval do Recife. Já resignada a não beber, fui de carro. Estacionei e segui pela Rio Branco. Por volta das 20h. Muita gente ainda chegava, Do telão ao longe vi Naná Vasconcelos fazer os agradecimentos por ser um dos homenageados da festa. Atravessei uma multidão sozinha. Encontrei minha amiga e enquanto decidíamos o nosso destino naquela noite, um episódio ao lado chama a atenção.
O que testemunhei foi o rapaz dizendo “não precisa empurrar”. Parece que ele tentou entrar nos bastidores do palco principal sem os devidos salvos-condutos (crachás, pulseiras, etc.). Enquanto ele dizia isso, um outro segurança do lugar ajudou seu parceiro a empurrar o rapaz.
Deus sabe de onde, apareceu um grupo de PMS (uns oito ou dez) e resolveu tomar conta do caso. Os caras partiram para cima do rapaz, deram as chaves de braço que aprenderam nos treinamentos para serem cada vez mais os donos da voz e colocarem o rapaz dentro de uma roda.
O que se passou em seguida é o que está no vídeo. Soldados batem no moço. Depois um deles, talvez o mais importante, resolve dar um chute no sujeito da ação. Uma mulher que estava por ali bate no PM com uma bolsa (dizendo para ele não bater no rapaz). O PM não gostou da interferência, chega perto da mulher e pergunta: “Você sabe o que ele fez?”. Ela não sabe... Possivelmente, ele também não sabe.
No movimento da roda parece que outros “protetores dos cidadãos” descarregam um onda de pancadaria no coitado, que já havia gritado que aquilo era abuso de autoridade. Quase ninguém ouviu. O Carnaval do Recife acabara de ser aberto pelas autoridades municipal e estadual.
A policia levou o rapaz. Tentei acompanhar no meio da multidão. Mas perdi o grupo de vista. A essa altura, estava tremendo. De raiva, de indignação. Tinha levado minha máquina fotográfica para registrar a alegria do carnaval, com suas figuras criativas de roupas extravagantes.
A violência policial me deixou triste. Voltei para casa e perdi todos os shows do Marco Zero da sexta-feira de Carnaval.
Fico pensando, como deverá estar aquele rapaz???

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