Documento divulgado pelo WikiLeaks mostra que governo americano sabia do assassinato de Stuart Angel
Por Hildegard Angel
A colunista transcreve a matéria que acaba de ser publicada ainda a pouco, às 18h49m, no portal oficial do Governo Brasileiro, o EBC, da Agência Brasil, confirmando tudo o que minha mãe, Zuzu Angel, bradou sempre aos quatro ventos, enquanto era recebida com frieza, indiferença, olhares distraídos, como se não passe de uma louca, desvairada, uma fantasiosa obcecada.
Obstinação que a levou a também ser assassinada, em 14 de Abril de 1976, um mês após entregar ao Secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger um dossiê relatando a morte de meu irmão, Stuart.
Pelo documento enviado pela Embaixada Americana ao Departamento de Estado dos EUA, em 1973, Stuart foi absolvido em sessão secreta pelo Supremo Tribunal Militar, confirmando decisão do Tribunal da Aeronáutica, que já o sabia morto desde 1971. O que aconteceu na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, comandada pelo brigadeiro Burnier.
Em tempo, o assassinato de minha mãe não se deu num “acidente inexplicado” como até hoje a imprensa insiste em equivocadamente afirmar.
Em 1998, no Governo Fernando Henrique Cardoso, o dito “acidente” foi devidamente esclarecido e provado como provocado pelas forças extremas, radicais e malvadas da ditadura militar brasileira, em inquérito da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, liderado pelo relator Miguel Reale Jr., havendo inclusive duas testemunhas oculares do crime, localizadas pelo Governo Brasileiro na Paraíba, em João Pessoa. Ficou faltando identificar os nomes dos algozes de minha mãe. O ex-torturador Claudio Guerra, em seus relatos no livro Memórias de uma guerra suja, chega a nominar um dos possíveis assassinos, mas a Comissão da Verdade ainda não buscou essa pista. Isso é História do Brasil.
Wikileaks: documento relata assassinato de Stuart Angel
Leandro Melito – Portal EBC – 08.04.2013 – 18h49 | Atualizado em 08.04.2013 – 20h14
Brasília – Disponibilizado pelo Wikileaks, documento da embaixada dos EUA em Brasília endereçado aos escritórios de Assuntos Interamericanos do Departamento de Estado dos EUA, em Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, no dia 14 de março de 1973, fala sobre o assassinato do militante Suart Edgart Angel Jones, que teria sido absolvido em sessão secreta da Suprema Corte Militar dois anos após sua morte.
Assinado pelo então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, William Manning Rountree, o telegrama narra “o capítulo final do trágico caso” de Stuart Angel. “Na última semana, em uma sessão secreta, a Suprema Corte Militar reafirmou a decisão do Tribunal da Aeronáutica em absolver Jones de sua alegada contravenção ao Ato de Segurança Nacional. Como o departamento está consciente, Jones foi detido no Aeroporto Galeão (Rio) em 1971 e subsequentemente assassinado por agentes da Aeronáutica”.
Na virada das décadas de 60/70, passou a militar no MR-8, grupo de ideologia socialista que fazia a luta armada contra o regime militar, onde usava os codinomes ‘Paulo’ e ‘Henrique’. Em 14 de junho de 1971, Stuart Jones foi preso, torturado e morto por membros do CISA (Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica). Foi casado com a também militante e guerrilheira Sônia Morais Jones, presa, torturada e morta dois anos depois e também dada como desaparecida.
Então com 25 anos, Stuart era filho do americano Norman Jones e de Zuleika Angel Jones, mais conhecida como Zuzu Angel, figurinista e estilista conhecida internacionalmente. Ele foi estudante de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e possuía dupla nacionalidade, brasileira e americana.
Direitos autorais: Creative Commons – CC BY 3.0
Stuart Edgar Angel Jones, preso, torturado, assassinado na Base Aérea do Galeão, até o Wikileaks sabe e divulga, mas os malfeitores continuam impunes de um crime imprescritível: a TORTURA
A colunista transcreve a matéria que acaba de ser publicada ainda a pouco, às 18h49m, no portal oficial do Governo Brasileiro, o EBC, da Agência Brasil, confirmando tudo o que minha mãe, Zuzu Angel, bradou sempre aos quatro ventos, enquanto era recebida com frieza, indiferença, olhares distraídos, como se não passe de uma louca, desvairada, uma fantasiosa obcecada.
Obstinação que a levou a também ser assassinada, em 14 de Abril de 1976, um mês após entregar ao Secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger um dossiê relatando a morte de meu irmão, Stuart.
Pelo documento enviado pela Embaixada Americana ao Departamento de Estado dos EUA, em 1973, Stuart foi absolvido em sessão secreta pelo Supremo Tribunal Militar, confirmando decisão do Tribunal da Aeronáutica, que já o sabia morto desde 1971. O que aconteceu na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, comandada pelo brigadeiro Burnier.
Em tempo, o assassinato de minha mãe não se deu num “acidente inexplicado” como até hoje a imprensa insiste em equivocadamente afirmar.
Em 1998, no Governo Fernando Henrique Cardoso, o dito “acidente” foi devidamente esclarecido e provado como provocado pelas forças extremas, radicais e malvadas da ditadura militar brasileira, em inquérito da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, liderado pelo relator Miguel Reale Jr., havendo inclusive duas testemunhas oculares do crime, localizadas pelo Governo Brasileiro na Paraíba, em João Pessoa. Ficou faltando identificar os nomes dos algozes de minha mãe. O ex-torturador Claudio Guerra, em seus relatos no livro Memórias de uma guerra suja, chega a nominar um dos possíveis assassinos, mas a Comissão da Verdade ainda não buscou essa pista. Isso é História do Brasil.
Wikileaks: documento relata assassinato de Stuart Angel
Leandro Melito – Portal EBC – 08.04.2013 – 18h49 | Atualizado em 08.04.2013 – 20h14
Brasília – Disponibilizado pelo Wikileaks, documento da embaixada dos EUA em Brasília endereçado aos escritórios de Assuntos Interamericanos do Departamento de Estado dos EUA, em Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, no dia 14 de março de 1973, fala sobre o assassinato do militante Suart Edgart Angel Jones, que teria sido absolvido em sessão secreta da Suprema Corte Militar dois anos após sua morte.
Assinado pelo então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, William Manning Rountree, o telegrama narra “o capítulo final do trágico caso” de Stuart Angel. “Na última semana, em uma sessão secreta, a Suprema Corte Militar reafirmou a decisão do Tribunal da Aeronáutica em absolver Jones de sua alegada contravenção ao Ato de Segurança Nacional. Como o departamento está consciente, Jones foi detido no Aeroporto Galeão (Rio) em 1971 e subsequentemente assassinado por agentes da Aeronáutica”.
Na virada das décadas de 60/70, passou a militar no MR-8, grupo de ideologia socialista que fazia a luta armada contra o regime militar, onde usava os codinomes ‘Paulo’ e ‘Henrique’. Em 14 de junho de 1971, Stuart Jones foi preso, torturado e morto por membros do CISA (Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica). Foi casado com a também militante e guerrilheira Sônia Morais Jones, presa, torturada e morta dois anos depois e também dada como desaparecida.
Então com 25 anos, Stuart era filho do americano Norman Jones e de Zuleika Angel Jones, mais conhecida como Zuzu Angel, figurinista e estilista conhecida internacionalmente. Ele foi estudante de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e possuía dupla nacionalidade, brasileira e americana.
Direitos autorais: Creative Commons – CC BY 3.0
Stuart Edgar Angel Jones, preso, torturado, assassinado na Base Aérea do Galeão, até o Wikileaks sabe e divulga, mas os malfeitores continuam impunes de um crime imprescritível: a TORTURA
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