O relato a seguir, postado no Facebook por uma moradora de São Paulo, mostra como uma polícia militarizada é capaz de vandalizar a sua relação com os cidadãos:
"Em casa, em estado de choque e trêmula, após quase ter sido presa por uma polícia despreparada, covarde e violenta. Acompanhei a manifestação desde o início, na frente do Teatro Muncipal. Saímos de lá tranquilamente, muitas famílias, pais com crianças pequenas nos ombros... Muita tranquilidade e gritos de "sem violência". Tudo calmo, a passos lentos, sem correria. Passamos por boa parte do centro, entre os carros (grande parte dos motoristas com os vidros abertos e apoiando a manifestação), motoristas de ônibus e passageiros nos saudando com palavras de apoio. Até chegarmos à Consolação e sermos recebidos com balas de borracha, bombas de efeito moral (gás, pimenta, não sei que merda era aquela), só sei que comecei a passar mal e corri para uma rampa de garagem (da Justiça Federal, ironicamente) e desisti de seguir. falei aos meus amigos que iria ficar ali pelo fato de não conseguir mais enxergar e que esperaria a polícia passar. Todos correram e a polícia ficou e ATACOU todas as pessoas que como eu, pararam por não ter mais forças pra correr. Perguntei ao policial o que eu deveria fazer e ele disse: ou corre com a multidão ou fica e vai presa, porque nós vamos prender quem ficar aqui. Decidi ficar por não ter mais força mesmo e também por não acreditar que aquilo fosse acontecer. Todos que estavam ali, estavam passando mal, esgotados e sem forças para correr. Ao vermos os policiais descerem a rampa em nossa direção com armas em punho e com gritos de "cala a boa, caralho"... (estávamos todos quietos e calados), eu entendi que iríamos presos. Ou que iríamos apanhar muito. Não apanahmaos porque tinha gente da imprensa conosco. MAs ficamos de cara pra parede, com mãos pra cima e sem abrir a boca. O policial continuou apontando armas para todos, revistou as nossas bolsas e deu ordem de seguir em fila para o ônibus. Assim os primeiros fizeram...Não sei com que coragem, saí da fila e pedi pelo amor de deus (humilhante) para não ser presa. Implorei, me humilhei e por sorte fui tirada da fila e jogada junto aos jornalistas. Nunca passei por tamanha humilhação em toda a minha vida. Me descontrolei ao ver todos que estavam comigo, entrando no ôniubus, escutei policiais covardes falando ao celular com colegas, perguntando sobre o que fazer e dando gargalhadas e repetindo a frase: "é pra levar praí e aí vocês descem o cacete, né? hahahaha, estou enviando o primeiro ônibus, recebe eles aí". Polícia despreparada e covarde. Manifestantes pacíficos e corajosos! Infelizmente eu não terei mais coragem de ir na próxima. Meu total apoio, respeito e admiração a todos que lá estiveram e minha eterna gratidão aos jornalistas que me acolheram e que me levaram até o metrô de volta pra casa. Sem eles, eu teria me descontrolado e teria um ataque de pânico frente à tamanha brutalidade. Não fotografei nada por não ter muita prática com foto de celular, mas não poderia deixar de relatar aqui o que passei. Infelizmente, eu não tenho mais coragem e me sinto um lixo por ter salvado a minha pele enquanto os outros que estavam comigo estarem presos desde então."
"Em casa, em estado de choque e trêmula, após quase ter sido presa por uma polícia despreparada, covarde e violenta. Acompanhei a manifestação desde o início, na frente do Teatro Muncipal. Saímos de lá tranquilamente, muitas famílias, pais com crianças pequenas nos ombros... Muita tranquilidade e gritos de "sem violência". Tudo calmo, a passos lentos, sem correria. Passamos por boa parte do centro, entre os carros (grande parte dos motoristas com os vidros abertos e apoiando a manifestação), motoristas de ônibus e passageiros nos saudando com palavras de apoio. Até chegarmos à Consolação e sermos recebidos com balas de borracha, bombas de efeito moral (gás, pimenta, não sei que merda era aquela), só sei que comecei a passar mal e corri para uma rampa de garagem (da Justiça Federal, ironicamente) e desisti de seguir. falei aos meus amigos que iria ficar ali pelo fato de não conseguir mais enxergar e que esperaria a polícia passar. Todos correram e a polícia ficou e ATACOU todas as pessoas que como eu, pararam por não ter mais forças pra correr. Perguntei ao policial o que eu deveria fazer e ele disse: ou corre com a multidão ou fica e vai presa, porque nós vamos prender quem ficar aqui. Decidi ficar por não ter mais força mesmo e também por não acreditar que aquilo fosse acontecer. Todos que estavam ali, estavam passando mal, esgotados e sem forças para correr. Ao vermos os policiais descerem a rampa em nossa direção com armas em punho e com gritos de "cala a boa, caralho"... (estávamos todos quietos e calados), eu entendi que iríamos presos. Ou que iríamos apanhar muito. Não apanahmaos porque tinha gente da imprensa conosco. MAs ficamos de cara pra parede, com mãos pra cima e sem abrir a boca. O policial continuou apontando armas para todos, revistou as nossas bolsas e deu ordem de seguir em fila para o ônibus. Assim os primeiros fizeram...Não sei com que coragem, saí da fila e pedi pelo amor de deus (humilhante) para não ser presa. Implorei, me humilhei e por sorte fui tirada da fila e jogada junto aos jornalistas. Nunca passei por tamanha humilhação em toda a minha vida. Me descontrolei ao ver todos que estavam comigo, entrando no ôniubus, escutei policiais covardes falando ao celular com colegas, perguntando sobre o que fazer e dando gargalhadas e repetindo a frase: "é pra levar praí e aí vocês descem o cacete, né? hahahaha, estou enviando o primeiro ônibus, recebe eles aí". Polícia despreparada e covarde. Manifestantes pacíficos e corajosos! Infelizmente eu não terei mais coragem de ir na próxima. Meu total apoio, respeito e admiração a todos que lá estiveram e minha eterna gratidão aos jornalistas que me acolheram e que me levaram até o metrô de volta pra casa. Sem eles, eu teria me descontrolado e teria um ataque de pânico frente à tamanha brutalidade. Não fotografei nada por não ter muita prática com foto de celular, mas não poderia deixar de relatar aqui o que passei. Infelizmente, eu não tenho mais coragem e me sinto um lixo por ter salvado a minha pele enquanto os outros que estavam comigo estarem presos desde então."
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