O pedido de desculpas de @cfialho

Por Carlos Fialho

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Estimados médicos do RN, antes que se recusem a ler o que vem a seguir, tenho a satisfação de lhes informar que, sim: trata-se de um pedido de desculpas de alguém que sabe reconhecer os seus erros, seus excessos e a eventual utilização desastrada da linguagem em meio a um tema muito mais complexo do que se imaginava inicialmente.

Tampouco, gostaria de sair desta polêmica como vítima. Não sou vítima. Sei o que escrevi. Sou senhor de minhas palavras e arco com as consequências que elas possam ter. Escrevi, não nego, vocês leram e estou aqui para me retratar com os senhores, senhoras e senhoritas.

Na quarta-feira, 03 de julho de 2013, escrevi em meu Twitter 4 postagens ironizando a manifestação dos médicos. Peço desculpas pelas brincadeiras de mau gosto, uma vez que muitos tomaram como ofensa direcionada ao trabalho deles como um todo, à luta pela melhoria das condições de trabalho, à reivindicação de mais recursos para a saúde, todas lutas legítimas e que têm sim o apoio deste escriba como da absoluta maioria, para não dizer totalidade, da população.

Em seguida, para expor com clareza minha opinião, escrevi tweets sérios e ponderados tentando elucidar a questão. Um deles dizia: “…o fato novo que motivou o protesto foi a possibilidade da vinda de médicos de fora, pois os demais itens da pauta não são novidades.”

Mas aí já era tarde demais para entabular qualquer discussão de nível e os tweets sérios se perderam no turbilhão de ódio sectário que surgiu em minha TimeLine.

Aproveito esta postagem para esclarecer que sou favorável a todas as melhorias no Sistema Único de Saúde e nas condições de trabalho dos profissionais de medicina.

Tenho profundo respeito e admiração por cada um dos meus amigos e parentes, queridos e abnegados que abraçaram esta profissão repleta de sacrifícios e renúncias. Amigos, aliás, que entraram em contato comigo durante os dias de ontem e hoje, para chamar minha atenção, apontar os meus erros, indicar que me excedi e cumprir com o verdadeiro papel dos que me querem bem: dizer a verdade, mesmo que não seja a mais conveniente para o momento.

A estes amigos, assim como a todos os médicos desconhecidos que se sentiram atingidos ou ofendidos pelo que postei, peço profundas e sinceras desculpas. Porque as mesmas mãos que ontem digitaram zombarias imprecisas e equivocadas, hoje têm a humildade de reconhecer que errou e fazê-lo de público, para que todos possam ler, compartilhar e divulgar.

Por fim, todos devem reconhecer que junto com as minhas palavras, por mais desastradas que elas possam ter saído, emergiu do submundo onde se ocultava, sob o disfarce de cidadãos de bem, toda uma milícia de branco de índole agressiva, perfil intolerante e caráter violento. Se o resultado deste episódio foi o de revelar esses homens e mulheres prepotentes, que do alto da sua arrogância chegaram a ameaçar minha integridade física, rasgando o juramento de Hipócrates, e tentar prejudicar pessoas ligadas a mim, tenho a impressão que cumpri, mesmo que involuntariamente, o papel de desmascarar alguns indivíduos que precisavam mostrar quem eles verdadeiramente eram.

Não espero dessas pessoas que tenham a mesma atitude que estou tendo agora, a de pedir desculpas pelos excessos. Até porque, pelo nível das mensagens e o perfil demonstrado, não parece ser algo do feitio delas. Em todo caso, gostaria de dizer-lhes que este texto se dirige a toda a comunidade médica, menos a vocês, pois as demonstrações explícitas de ódio que vocês deram são muito piores do que qualquer piada, por pior que seja, vinda deste que faz essa postagem.

Vivemos tempos extremos, neste grande jardim de veredas que se bifurcam eternamente e nos conduzem por caminhos sinuosos e cheios de perigosas armadilhas. Uma delas é a intolerância à palavra livre, manifestada através da truculência dos que se incomodam com o que alguns escrevem.

Peço desculpas, não em resposta ao ódio de alguns, mas em reação à afeição e amizade de muitos: colegas da área de comunicação, minha esposa, amigos em geral, médicos inclusive, vários deles. Todos que me escreveram ou ligaram para me mostrar com doçura e argumentação racional que eu estava errado. Porque os que me agrediram e xingaram, estes só fizeram me dar razão. Felizmente, eles são poucos.

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