Os profissionais informam ainda que metade dos 6.262 procedimentos cirúrgicos realizados no hospital em 2012 foram ortopédicos. Ainda assim, a equipe de 42 profissionais foi reduzida a 27 depois de seis exonerações, três transferências e seis aposentadorias. Outros dois médicos estão na iminência de se aposentarem.
"Contávamos com um corpo clínico que foi gradativamente diminuindo até atingir um nível crítico", dizem os médicos.
E isso enquanto a quantidade e a gravidade dos traumas atendidos pelo Hospital só aumentam. "Desnecessário lembrar que o Walfredo Gurgel é o maior hospital público de trauma do Estado, e único que realmente resolve todos eles em todos os graus de complexidade", lembra a carta.
Diante disso, a equipe prepara uma greve visando a "reposição do corpo clínico que foi perdido, bem como sua adaptação para valores compatíveis com a demanda do serviço". Seriam necessários duas equipes de quatro médicos plantonistas por turno.
Três médicos pediram exoneração esta semana. Dentre os motivos, falta de condições de trabalho, a incompetência da gestão pública estadual da saúde, falta de ética médica por parte da direção do Hospital, falta de valorização profissional.
Leia a seguir os requerimentos de exoneração dos médicos e a íntegra da carta dirigida ao Sindicato:
Sobre a Ortopedia do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel
Utilizando alguns dados do Serviço de Arquivo Médico (SAME), relativos a 2012, podemos citar que o serviço de Ortopedia realizou 19205 atendimentos, perfazendo um média mensal de aproximadamente 1600 atendimentos ou uma média diária de 53 atendimentos.
Derivado desse montante, foram realizadas 1983 cirurgias de urgência/emergência para tratamento de fraturas expostas, muitas das quais se desdobram em vários procedimentos ortopédicos (pacientes politraumatizados com múltiplas fraturas), aumentando o valor final.
Somam ainda 1119 reduções de fraturas, procedimentos nos quais o tratamento é realizado com o paciente anestesiado em centro cirúrgico.
Atingimos um montante de 3012 procedimentos ortopédicos.
Esse quantitativo é precisamente METADE dos procedimentos realizados no Centro Cirúrgico do hospital em 2012 (6262 procedimentos).
Se considerarmos que alguns procedimentos são realizados fora do Centro Cirúrgico, o valor final aumenta ainda mais.
Contávamos com um corpo clínico que foi gradativamente diminuindo até atingir um nível crítico.
Ao longo de 2012 até a presente data, do quadro foram subtraídos os seguintes servidores:
APOSENTADOS:
HERMANCE LOBO
FRANCISCO DE ASSIS
MOZAR DIAS
TANIA MEDEIROS
EDUARDO LOPES (2 vínculos)
MARCONI AZEVEDO
EXONERADOS:
JUSTINO NÓBREGA
MAURÍCIO BRUM
MARCELO REGO
TRANSFERIDOS:
RODRIGO BRAGA
URAI OLIVEIRA
EULALIA DE ALBUQUERQUE
Na última semana, mais 3 ortopedistas pediram exoneração:
MARCIO REGO
JULIMAR NOGUEIRA
HERMANN GOMES
15 SERVIDORES! E mais dois outros estão com a aposentadoria iminente:
CARLOS MAGNO CARMO
MARCONI AZEVEDO (em seu segundo vínculo)
Contamos atualmente com 27 ortopedistas resolvendo a ortopedia do hospital, sendo 4 com vínculo de 20 horas e 2 com vínculos de 40 horas e 20 horas, correspondendo funcionalmente a 26 vínculos de 40 horas.
Nesse período, foram diminuídos 15 ortopedistas, restando 27, correspondendo a uma redução de aproximadamente 36%, sem que NENHUM fosse substituído.
No contraponto, como é sabido tanto pela estatística oficial (dados do SAME), bem como observado pela estatística informal (mídia), o número de trauma só aumenta, inclusive em nível de gravidade.
Desnecessário lembrar que o Walfredo Gurgel é o maior hospital público de trauma do Estado, e único que realmente resolve todos eles em todos os graus de complexidade.
Diante do exposto, a equipe de ortopedia solicita a tutela e formalização do sindicato para deflagrar uma greve, visando, sobretudo, a reposição do corpo clínico que foi perdido, bem como sua adaptação para valores compatíveis com a demanda do serviço. Quanto a esse ponto, solicitamos recentemente parecer ao CREMERN sobre o número mínimo de plantonistas, cuja resposta estabeleceu "um mínimo de 3". Considerando a natural vacância prevista e imprevista (férias, licença-prêmio, previsão de aposentadoria, etc), se estipula que um mínimo de 4 seja atingido, o que também permitiria configurar a formação de 2 equipes cirúrgicas, já que não é raro haver vários pacientes aguardando intervenção cirúrgica ortopédica simultaneamente.
Atenciosamente, aguardando sua resposta e à disposição para esclarecimentos.
Equipe do Serviço de Ortopedia do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel
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