Publicado originalmente em O Potiguar
O novo ministério anunciado pela presidenta Dilma Rousseff (PT) tem sido, desde o início, motivo de disputa. Por exemplo, a escolha de Kátia Abreu para a agricultura colocou em pé de guerra o MST de João Pedro Stédile. Stédile deixou claro que o movimento não deixaria a nova ministra, presidente da ruralista Confederação Nacional da Agricultura, em paz.
Na educação, a escolha de Cid Gomes (PROS) representou uma arriscada jogada política da presidenta por, pelo menos, três razões. Em primeiro lugar, de forma inédita desde que chegou ao Planalto em 2003 o PT não comandará o ministério. Além disso, a aposta política em Cid tem a ver com mobilizar a bancada do seu partido no Parlamento e na escolha por uma maior ênfase nos resultados do ensino médio. Dilma, segundo consta, se impressionou com os resultados alcançados pelo governo do Ceará. Desse modo, desconsiderou as políticas relacionadas a professores e servidores que implementou o governador para que os resultados fossem alcançados. Dito de outro modo: o Ceará sacrificou os profissionais em prol de resultados que, nem sempre, correspondem a uma educação para autonomia, com formação integral, herdeira das ideias de Paulo Freire. Além disso, foi de Cid Gomes uma frase marcante no processo: de que professores trabalham por amor. Não à toa já perdi as contas das greves que as universidades do estado do Ceará protagonizaram nos últimos anos - sem levar em conta o estado preocupante de sua infraestrutura.
O papel jogado pelos Ferreira Gomes em apoio aos governos Lula e Dilma e ao PT é inegável - o que implica necessariamente papel de destaque na formação do novo governo para Cid ou seu irmão Ciro. Isso era perfeitamente esperado. O que não significa que a educação fosse o melhor lugar para abrigar a oligarquia cearense.
E a equipe econômica? Por si só, sinaliza mais ortodoxia. E se tem um ponto dos governos Lula e Dilma do qual não conseguimos nos libertar foi o famigerado tripé macroeconômico. Precisamos avançar para nos libertar disso, especialmente em busca da autonomia e liberdade de não nos submetermos às regras do superávit primário.
Se as primeiras levas de ministros nos trouxeram preocupações, a nova leva indica que Dilma pretende um balanço de governo que contemple as forças diversas que conduziram sua eleição - especialmente devido à pequena margem da vitória, ao crescente conservadorismo do congresso e à virulência da nova oposição de direita que emergiu nas ruas e urnas de outubro.
Para tratar das novas escolhas, me valho das palavras de meu amigo Renato Rovai. Para ele, Dilma, com esse arranjo, montou o ministério mais forte desde o primeiro governo Lula. E há sinalizações claras do desejo de avanços:
Rovai também lembra que, além dos já anunciados, a presidenta deve manter, no entanto,"José Eduardo Cardozo, Mercadante e Arthur Chioro em seus cargos e trazer de volta Juca Ferreira e Celso Amorim para os ministérios da Cultura e das Relações Exteriores". Confirmado o retorno de Juca e a ida de Celso Amorim para o Itamarati, o tabuleiro aponta uma potente distribuição de forças para o segundo governo. Algo, como uma aposta, para pavimentar os avanços de que necessitamos como nação e, talvez o mais importante, a garantia do arregimentar de forças para um possível retorno de Lula em 2018.
O novo ministério anunciado pela presidenta Dilma Rousseff (PT) tem sido, desde o início, motivo de disputa. Por exemplo, a escolha de Kátia Abreu para a agricultura colocou em pé de guerra o MST de João Pedro Stédile. Stédile deixou claro que o movimento não deixaria a nova ministra, presidente da ruralista Confederação Nacional da Agricultura, em paz.
Na educação, a escolha de Cid Gomes (PROS) representou uma arriscada jogada política da presidenta por, pelo menos, três razões. Em primeiro lugar, de forma inédita desde que chegou ao Planalto em 2003 o PT não comandará o ministério. Além disso, a aposta política em Cid tem a ver com mobilizar a bancada do seu partido no Parlamento e na escolha por uma maior ênfase nos resultados do ensino médio. Dilma, segundo consta, se impressionou com os resultados alcançados pelo governo do Ceará. Desse modo, desconsiderou as políticas relacionadas a professores e servidores que implementou o governador para que os resultados fossem alcançados. Dito de outro modo: o Ceará sacrificou os profissionais em prol de resultados que, nem sempre, correspondem a uma educação para autonomia, com formação integral, herdeira das ideias de Paulo Freire. Além disso, foi de Cid Gomes uma frase marcante no processo: de que professores trabalham por amor. Não à toa já perdi as contas das greves que as universidades do estado do Ceará protagonizaram nos últimos anos - sem levar em conta o estado preocupante de sua infraestrutura.
O papel jogado pelos Ferreira Gomes em apoio aos governos Lula e Dilma e ao PT é inegável - o que implica necessariamente papel de destaque na formação do novo governo para Cid ou seu irmão Ciro. Isso era perfeitamente esperado. O que não significa que a educação fosse o melhor lugar para abrigar a oligarquia cearense.
E a equipe econômica? Por si só, sinaliza mais ortodoxia. E se tem um ponto dos governos Lula e Dilma do qual não conseguimos nos libertar foi o famigerado tripé macroeconômico. Precisamos avançar para nos libertar disso, especialmente em busca da autonomia e liberdade de não nos submetermos às regras do superávit primário.
Se as primeiras levas de ministros nos trouxeram preocupações, a nova leva indica que Dilma pretende um balanço de governo que contemple as forças diversas que conduziram sua eleição - especialmente devido à pequena margem da vitória, ao crescente conservadorismo do congresso e à virulência da nova oposição de direita que emergiu nas ruas e urnas de outubro.
Para tratar das novas escolhas, me valho das palavras de meu amigo Renato Rovai. Para ele, Dilma, com esse arranjo, montou o ministério mais forte desde o primeiro governo Lula. E há sinalizações claras do desejo de avanços:
Ao optar por Berzoini nas Comunicações, Dilma parece deixar claro que a agenda da regulamentação da mídia será uma de suas prioridades. Se quisesse dar um sinal mais ameno para o setor empresarial da área, tinha outros nomes para o cargo.
Da mesma forma, se quisesse ignorar o MST, a presidenta não chamaria Patrus, que tem posições alinhadas com o movimento para o seu ministério.
As avaliações que dão conta de uma derrota da CUT por talvez não indicar o ministro do Trabalho não se sustentam. Carlos Gabas, novo ministro da Previdência, é um quadro do movimento sindical e tem ótimas relações com a atual direção da Central. E Berzoini nas Comunicações era tudo o que os dirigentes sonhavam no mais belo sonho da campanha. Essa área é considerada por grande parte dos sindicalistas como mais estratégica hoje para a luta dos movimentos que o próprio Ministério do Trabalho.
Rovai também lembra que, além dos já anunciados, a presidenta deve manter, no entanto,"José Eduardo Cardozo, Mercadante e Arthur Chioro em seus cargos e trazer de volta Juca Ferreira e Celso Amorim para os ministérios da Cultura e das Relações Exteriores". Confirmado o retorno de Juca e a ida de Celso Amorim para o Itamarati, o tabuleiro aponta uma potente distribuição de forças para o segundo governo. Algo, como uma aposta, para pavimentar os avanços de que necessitamos como nação e, talvez o mais importante, a garantia do arregimentar de forças para um possível retorno de Lula em 2018.