Assédio moral no trabalho é um assunto perturbador. Este blog, no que se refere à assédio na
Petrobras, já contou a história de Hélio (aqui e aqui, por exemplo) e de Florentino
(aqui). Em apenas uma gerência que
existia em Mossoró e abrigava um apadrinhado político do deputado federal
Henrique Alves (PMDB), a empresa perdeu milhões em indenizações.
Desde outubro fui apresentado a uma outra história de
assédio moral na Petrobras. Desta vez,
na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim (MG).
Rafael Queiroz é técnico em operação. Segundo os relatos que chegaram ao blog,
pequenas perseguições começaram há muito tempo, mas elas foram se agravando com
o tempo e tudo estourou há cerca de um ano quando Rafael e outros colegas do
grupo apresentaram na ouvidoria da Regap uma denúncia de assédio moral contra
seu supervisor.
O supervisor teria sido afastado da supervisão do
grupo, mas continuado a receber como supervisor em acordo com a gerência. O acordo teria sido feito porque o tal
supervisor teria adquirido uma dívida com uma casa de campo e precisava do acréscimo
no pagamento para quitá-la. Além disso, recebeu aumento de nível por mérito –
mesmo tendo sido afastado da supervisão por uma demanda na ouvidoria da Refinaria.
Os trabalhadores deste setor, a Unidade de
Hidrotratamento de Diesel (HDT), têm questionado a redução do número mínimo de
operadores nos grupos de turno. Também tem havido frequentes dobras de turnos
de trabalho, inclusive ultrapassando oito dias seguidos por semana. O que, por
si, representa sério risco de atividade em área industrial. A empresa se nega a apresentar o cálculo
exigido na NR-20 e justifica redução de pessoal para diminuir dobras e
horas-extras
Um dos momentos mais surreais do assédio sofrido
por Rafael se deu quando ele doou sangue em favor de uma conhecida: mesmo comunicando
no dia anterior que se ausentaria no trabalho, foi chamado em uma sala e
informado de que o atestado não seria aceito e que a gerência estava lançando
falta. Além disso, foi informado de que estava sendo transferido da HDT, onde
ele trabalha desde que ingressou na refinaria há 12 anos, para o setor de Destilação
e Hidrotratamento (DH), classificando a transferência como uma
"oportunidade".
O resultado de tamanha pressão devido à denúncia
inicial contra o supervisor é o abatimento e comprometimento da saúde do
trabalhador – sintomas clássico de assédio moral, ou violência simbólica, no
local de trabalho