Das autoras
Livro-reportagem que angariou recursos para publicação através de financiamento coletivo, terá lançamento com debate sobre a representação da mulher em conflito com a lei na chamada “grande mídia”
O livro-reportagem “Auri, a anfitriã: memórias do Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa”, das jornalistas cearenses Aline Moura e Bárbara Almeida, será lançado na próxima segunda-feira, 23 de março, em referência ao mês da mulher. O lançamento ocorrerá dentro do Fórum Mulher e Criminalidade na Mídia, com uma mesa-redonda que discutirá as abordagens sobre mulheres encarceradas feitas pela mídia convencional e os efeitos para a ressocialização, às 18h30, no Auditório Rachel de Queiroz.
Em janeiro, as autoras reuniram recursos para publicação independente da obra através da plataforma de financiamento coletivo Catarse. Aliada a uma campanha de adesão nas redes sociais, ao fim de dois meses, a ação contou com mais de cem financiadores desta primeira edição e mais de 600 seguidores na fanpage do Facebook.
O livro-reportagem “Auri, a anfitriã” nasceu como fruto do Trabalho de Conclusão de Curso das jornalistas Aline Moura e Bárbara Almeida, ex-alunas do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará, em 2013.
Combinando jornalismo e literatura, a obra traz as histórias de quatro internas da única penitenciária feminina do Ceará, na perspectiva da própria prisão – personagem fantástico que assume o papel de narrador das versões apresentadas por suas “hóspedes”.
O trabalho conta com projeto gráfico e diagramação do design Ed Borges e fotografias de Daniel Muskito.
Auri
A narrativa se passa no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa, penintenciária localizada nas imediações de Fortaleza, capital do Ceará. Através do que conta “Auri”, prisão que faz as vezes de personagem-narradora, a obra desvela as marcas imprimidas nas versões apresentadas pelas personagens sobre seus percursos de vida, numa perspectiva humanizada sobre o Código Penal, o cárcere, a mulher em conflito com a lei e o processo de ressocialização.
No aspecto jornalístico, a obra se insere no contexto dos projetos editoriais que buscam novos formatos narrativos para dialogar com questões de gênero, classe e raça, desviando-se das abordagens estandartizadas pela mídia convencional. Dessa maneira, a “anfitriã” substitui o discurso midiático e ganha vida para narrar as histórias daquelas que lhes são muito próximas.
Convidadas
Comporão a mesa de discussão do Fórum: a defensora pública Mônica Barroso, que passou pelos cargos de presidente da Comissão OAB Mulher e Coordenadora Especial de Políticas Públicas para a Mulher do Estado do Ceará; a jornalista Raphaelle Batista, que escreveu série sobre maternidade na prisão feminina, pelo jornal O POVO; e a jornalista Roseane Gurgel, realizadora do documentário “O caminho de volta”, que aborda as histórias de estrangeiras internas do IPF. O debate será mediado pela jornalista e professora do curso de Jornalismo da UFC, que também orientou a pesquisa do livro, Naiana Rodrigues.
Prêmios
Em 2014, o livro “Auri, a anfitriã” foi agraciado com cinco prêmios: melhor Livro-reportagem no Expocom Nordeste, melhor Edição de Livro no Expocom Nordeste, melhor Livro-reportagem no Expocom Nacional, melhor Edição de Livro no Expocom Nacional e melhor Trabalho de Conclusão de Curso no prêmio de Gandhi de Comunicação.
O prêmio Expocom (Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação) é realizado durante o Congresso de Ciências da Comunicação da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação) e premia os melhores trabalhos experimentais do Brasil. O Prêmio Gandhi de Comunicação é uma iniciativa da Agência da Boa Notícia e destaca os trabalhos que mais contribuem para a Cultura de Paz.
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